São Paulo, domingo, 14 de fevereiro de 2010

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PLANTÃO MÉDICO

O carnaval, a chupeta e o nenê

JULIO ABRAMCZYK
COLUNISTA DA FOLHA

Famosa desde o Carnaval de 1937, a marchinha "Mamãe Eu Quero Mamar", de Jararaca (da saudosa dupla Jararaca e Ratinho), foi cantada por Carmen Miranda em seus filmes norte-americanos e a versão, em inglês, por outros cantores igualmente famosos. Neste domingo de Carnaval de 2010, muitos foliões dançando celebram seus versos, quase um hino a esta festa.
Na realidade, ouvir um bebê chorar machuca os ouvidos dos pais, amigos e vizinhos. Por isso, "Dá a chupeta pro bebê não chorar!".
Enquanto cantam com alegria, poucos se apercebem dos problemas relacionados ao uso da chupeta. Silvia Diez Castilho e Marco Antônio Mendes Rocha, da Faculdade de Medicina da PUC de Campinas, apresentam uma revisão dos prós e contras do uso da chupeta no último número do "Jornal de Pediatria", da Sociedade Brasileira de Pediatria.
Relatam mais efeitos deletérios do que benéficos, recomendando sua descontinuidade entre os três e quatro anos, para não repercutir na fala e na dentição.
Além de aumentar o risco de cáries, o constante contato da chupeta com a flora oral facilita o crescimento de bactérias e fungos nos bicos.
Por outro lado, a chupeta aumenta o limiar de dor do recém-nascido. Também tem sido utilizada para estimular a sucção ou para coordenar esse reflexo, antecipando o início da alimentação oral do recém-nascido.
Citam a criadora da psicanálise infantil, Melanie Klein, que dizia ser útil a chupeta, apesar do desapontamento da criança por não receber, ao sugar, o leite desejado e ficar apenas na satisfação parcial do desejo.
Mencionam igualmente autores (Sonia Cristina Masson Sertório e Isilia Aparecida Silva) que mostram estar o uso muito arraigado em nossa cultura, por ser passado de geração em geração e por ter uma "função calmante para a criança e uma ajuda para a mãe".
Finalmente, Castilho e Mendes Rocha destacam que a decisão de introduzir ou não a chupeta é da família, depois de informados pelos profissionais da saúde.

julio@uol.com.br


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