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PLANTÃO MÉDICO
O carnaval, a chupeta e o nenê
JULIO ABRAMCZYK
COLUNISTA DA FOLHA
Famosa desde o Carnaval
de 1937, a marchinha "Mamãe Eu Quero Mamar", de
Jararaca (da saudosa dupla
Jararaca e Ratinho), foi cantada por Carmen Miranda
em seus filmes norte-americanos e a versão, em inglês,
por outros cantores igualmente famosos. Neste domingo de Carnaval de 2010,
muitos foliões dançando celebram seus versos, quase
um hino a esta festa.
Na realidade, ouvir um bebê chorar machuca os ouvidos dos pais, amigos e vizinhos. Por isso, "Dá a chupeta
pro bebê não chorar!".
Enquanto cantam com
alegria, poucos se apercebem dos problemas relacionados ao uso da chupeta.
Silvia Diez Castilho e Marco Antônio Mendes Rocha,
da Faculdade de Medicina da
PUC de Campinas, apresentam uma revisão dos prós e
contras do uso da chupeta no
último número do "Jornal
de Pediatria", da Sociedade
Brasileira de Pediatria.
Relatam mais efeitos deletérios do que benéficos, recomendando sua descontinuidade entre os três e quatro anos, para não repercutir
na fala e na dentição.
Além de aumentar o risco
de cáries, o constante contato da chupeta com a flora
oral facilita o crescimento de
bactérias e fungos nos bicos.
Por outro lado, a chupeta
aumenta o limiar de dor do
recém-nascido. Também
tem sido utilizada para estimular a sucção ou para coordenar esse reflexo, antecipando o início da alimentação oral do recém-nascido.
Citam a criadora da psicanálise infantil, Melanie
Klein, que dizia ser útil a
chupeta, apesar do desapontamento da criança por não
receber, ao sugar, o leite desejado e ficar apenas na satisfação parcial do desejo.
Mencionam igualmente
autores (Sonia Cristina Masson Sertório e Isilia Aparecida Silva) que mostram estar
o uso muito arraigado em
nossa cultura, por ser passado de geração em geração e
por ter uma "função calmante para a criança e uma ajuda
para a mãe".
Finalmente, Castilho e
Mendes Rocha destacam
que a decisão de introduzir
ou não a chupeta é da família, depois de informados pelos profissionais da saúde.
julio@uol.com.br
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