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Brasileiros estão entre os mais estressados do globo
Último grau de esgotamento associado ao trabalho atinge 30% da população
Sobrecarga de tarefas e medo de desemprego são as causas mais citadas pelos que perderam o controle
JULLIANE SILVEIRA
DE SÃO PAULO
Os brasileiros lidam pior
com o estresse do que outros
povos. Por aqui, as taxas daquilo que é definido como estresse extremo são mais altas
que na maioria do países.
Esse último nível de estresse, ou "burn out", caracteriza-se por um esgotamento
mental intenso, geralmente
associado ao trabalho.
Na população economicamente ativa do Brasil, 30% já
chegaram a esse estado causado por uma pressão excessiva, segundo dados da Isma
- Brasil, associação internacional que pesquisa dados
sobre estresse.
Nesse quesito, o Brasil está
atrás apenas do Japão, onde
70% das pessoas já perderam
o controle sobre o estresse.
As altas taxas desse país
são explicadas pela rotina de
trabalho e pela cultura: jornada mais longa e maior dificuldade para verbalizar e expressar opiniões e emoções.
"As normas sociais são
muito rígidas naquele país.
Escândalos profissionais terminam em demissão e até
mesmo em suicídio da pessoa envolvida", diz a psicóloga Ana Maria Rossi, presidente da Isma.
ESFORÇO E RECOMPENSA
Por aqui, a dificuldade de
contrabalançar as tensões do
dia a dia ocorre principalmente por causa da sobrecarga de tarefas e do medo de
demissão, fatores de estresse
apontados com mais frequência pelos entrevistados.
O favoritismo nos ambientes profissionais, em que se
leva em conta mais a relação
pessoal do que o mérito do
trabalho gera um sentimento
de injustiça que contribui para o aparecimento do "burn
out", segundo a psicóloga.
"No Brasil, em geral, não
existe um equilíbrio entre esforço e recompensa. Você
percebe isso quando o trabalhador vai para o exterior e é
muito elogiado", diz Rossi.
NA SAÚDE
Entre quem sofre de "burn
out", os índices de depressão, sentimento de incapacidade e exaustão são bem
mais elevados do que no restante da população.
"Esses dados são assustadores. Vemos muitas pessoas
cometendo tantos erros e
com tanto descaso no trabalho, que isso pode mesmo ser
sintoma de "burn out'", diz a
psicóloga Marilda Emmanuel Novaes Lipp, diretora
do Centro Psicológico de
Controle do Stress e professora da PUC- Campinas.
Ironicamente, o problema
atinge profissionais altamente motivados, idealistas e que
se dedicam excessivamente
ao trabalho. Sentimentos de
decepção podem desencadear o estresse exagerado.
"Reconheça o que é importante e não se imponha uma
carga de trabalho acima do
necessário", aconselha Lipp.
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