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Laboratório ocultou os riscos de medicamento para diabetes
Agência reguladora dos EUA pode proibir a venda do remédio
GARDINER HARRIS
DO "NEW YORK TIMES"
Em 1999, a farmacêutica
SmithKline Beecham lançou,
em segredo, um estudo para
descobrir se seu remédio
Avandia, para diabetes, era
mais seguro para o coração
que o rival Actos, da Takeda.
Os resultados do estudo,
completado no mesmo ano,
foram desastrosos. O Avandia não era melhor que o Actos e, pior, provocava ainda
mais riscos cardíacos.
Em vez de publicar os resultados, contudo, a empresa passou os 11 anos seguintes tentando acobertá-los, segundo revelam documentos
aos quais o "New York Times" teve acesso.
A empresa não publicou
os resultados nem os transmitiu aos reguladores de drogas, como manda a lei.
"Atendendo ao pedido da
direção da empresa, esses
dados não devem ser vistos
por ninguém fora da GSK [a
sucessora corporativa da
SmithKline]", escreveu um
executivo da SmithKline,
Martin I. Freed, em e-mail de
29 de março de 2001, falando
dos resultados do estudo obtidos pelo jornal.
Os riscos de ataque cardíaco decorrentes do uso do
Avandia vieram a público pela primeira vez em 2007, com
um estudo de um cardiologista da Clínica Cleveland.
Ele usou dados que a empresa foi forçada a postar em
seu site por ação judicial.
Nos meses seguintes, diretores da GlaxoSmithKline admitiram que sabiam dos riscos potenciais de ataque cardíaco ligados ao medicamento pelo menos desde 2005.
Mas os documentos mais
recentes mostram que a companhia sabia disso desde que
a droga foi posta no mercado, em 1999, e esforçou-se
para impedir sua divulgação.
Em um documento, a empresa procurou calcular
quanto perderia em vendas
se os riscos do Avandia à segurança cardiovascular "se
intensificassem". O custo seria de US$ 600 milhões entre
2002 e 2004.
Mary Anne Rhyne, uma
porta-voz da GlaxoSmithKline, disse que a empresa não
divulgou os resultados porque eles "não contribuíram
com novas informações".
A empresa disse que o
Avandia é seguro e que Freed
não trabalha mais para a GlaxoSmithKline.
Uma comissão da FDA
(agência reguladora de remédios nos EUA) está reunida
desde ontem para decidir se
o Avandia deve continuar a
ser vendido.
Houve época em que ocultar os resultados de testes clínicos negativos era prática
amplamente difundida na
indústria farmacêutica.
Em 2007, o Congresso
aprovou uma lei que torna
obrigatória a divulgação dessas informações. Mas os
posts divulgados com frequência não passam de referências de compreensão difícil, de maneira que a questão
está longe de resolvida.
Tradução de CLARA ALLAIN
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