São Paulo, quarta-feira, 14 de setembro de 2011

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Só 25% dos casos de Alzheimer têm diagnóstico, diz pesquisa mundial

Demência afeta 36 milhões de pessoas no mundo, segundo órgão

MARIANA PASTORE
DE SÃO PAULO

Um relatório divulgado ontem pelo ADI (Alzheimer's Disease International), ligado à Organização Mundial da Saúde, indica que 75% dos portadores da doença não foram diagnosticados. O estudo foi conduzido por cientistas do Instituto de Psiquiatria do King's College, em Londres.
Segundo o ADI, que reúne 76 associações dedicadas à doença, 36 milhões de pessoas convivem com o problema no mundo todo. Os cientistas descobriram que três quartos das pessoas com demência desconhecem a doença. Nos países mais ricos, apenas de 20% a 50% dos casos são reconhecidos e documentados. Nos mais pobres, a proporção pode chegar a apenas 10%.
Os dados chamaram a atenção de Sônia Brucki, da Academia Brasileira de Neurologia. "Eu achei a cifra bastante alta." Ela diz que a falta de diagnóstico pode ser resultado da falsa suposição de que a demência faz parte do envelhecimento e de que nada pode ser feito melhorar a condição do paciente.

FAZENDO A DIFERENÇA
O relatório indica que as intervenções podem fazer diferença até mesmo nas etapas iniciais da doença, melhorando a cognição, independência e qualidade de vida.
A neurologista informou que a academia faz neste ano a quinta campanha da doença de Alzheimer, focada na educação. "A pessoa deve notar que alguma função cognitiva está diferente em relação ao que era antes. Pode ser uma queixa de memória, linguagem ou capacidade de executar tarefas", enumera.
Brucki ainda alerta que a doença de Alzheimer e a demência de um modo geral são problemas de saúde pública.
"Conforme a população envelhece, temos mais doentes, e isso representa um custo para a saúde muito grande. Há os gastos diretos com tratamento, medicações, hospitalizações, além dos indiretos, como o preço de ser cuidado", diz a especialista.
Ainda segundo o estudo, cada país precisa de uma estratégia nacional que promova o diagnóstico antecipado e um cuidado contínuo posterior. Os governos devem "gastar agora para economizar mais tarde".
Com base nas análises econômicas, o relatório estima que o diagnóstico antecipado pode trazer uma economia líquida de até US$ 10 mil por paciente nos países ricos.


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