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Alisador brasileiro está sob suspeita de causar efeito tóxico
Análise aponta excesso de formol no "Brazilian Blowout", usado em escova progressiva nos EUA e no Canadá
Após usar o produto, que promete alisamento "natural", consumidora canadense enfrenta queda grave de cabelos
CRISTINA FIBE
DE NOVA YORK
A canadense Susanne Harvey, 39, tinha longos, grossos
e encaracolados cabelos ruivos. Mas o que parecia um
"rabo de cavalo" virou um
"ninho de pássaros" esvaziado, feito de fios finos, que
caem a cada passada de mão.
No dia 19 de agosto, a corretora de imóveis passava férias em British Columbia, no
Canadá, quando decidiu investir mais de R$ 300 para
alisar seus cabelos.
Seduzida pelo marketing
do mais famoso produto do
gênero, endossado por celebridades como Nicole Richie,
Susanne escolheu o Brazilian Blowout, que prometia
efeito mais natural do que
outras escovas permanentes.
Em entrevista à Folha, ela
diz que, nas duas primeiras
semanas, seu cabelo parecia
ótimo. Até começar a cair.
"Foi o meu marido que me
disse, "o que acontece com o
seu cabelo?". Porque estava
no travesseiro, na camisa,
em todo lugar. E não estava
só caindo, mas quebrando."
Susanne calcula ter perdido 20% de seus cabelos em
menos de dois meses. "Está
horrível, parecendo um ninho de pássaros, e eu tenho
medo de lavá-los."
A canadense passou a tentar descobrir o que havia sido
responsável pela queda e o
que fazer para revertê-la. Procurou a Brazilian Blowout,
cuja primeira reação foi atribuir o distúrbio a estresse ou
mudanças na dieta.
Susanne respondeu que
não tinha problema nenhum
antes de passar pelo alisamento. No fim de setembro,
entrou com um pedido de verificação no departamento
de saúde canadense.
Há uma semana, o Health
Canada anunciou que o produto da Brazilian Blowout
testado apresentava 12% de
formaldeído, tóxico cuja concentração é limitada a 0,2%
em cosméticos não orais, segundo as leis canadenses.
A ausência do formaldeído, que pode causar ardência
nos olhos e nas narinas, dor
de garganta e até câncer, era
uma dos destaques do marketing da Brazilian Blowout.
No site oficial, o principal
produto da marca, agora suspenso nos EUA e no Canadá,
era vendido como "o único
tratamento alisador que melhora a saúde do cabelo".
"Sem estragos! Não contém
formaldeído", dizia o site, em
letras garrafais.
Procurada pela Folha, a
empresa americana afirma
que o "brazilian" em seu nome vem do fato de o carro-chefe da marca ser importado do Brasil. A fabricante
brasileira, Cadiveu, "é a responsável" pelo conteúdo do
alisador comercializado nos
EUA e no Canadá desde 2007.
Apesar de transferir a culpa para a companhia brasileira, a Brazilian Blowout
afirma que o teste canadense
está errado. "É impossível
-se houvesse no produto
12% de formaldeído, as pessoas estariam experimentando efeitos colaterais loucos",
disse a assessora de imprensa da marca.
Mesmo assim, diante do
questionamento público, a
Brazilian Blowout diz ter decidido romper o contrato
com a Cadiveu. A Cadiveu,
por sua vez, afirma ter encerrado a parceria em 2008.
Mas o que consumidores
que se sentiram prejudicados, como Susanne, devem
fazer? "Não posso falar sobre
isso. Eles devem ligar para o
serviço ao consumidor", responde a Brazilian Blowout.
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