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Paixão anestesia dor física, mostra estudo
Euforia ativa centro de recompensas do cérebro, mesma área em que agem analgésicos
GUILHERME GENESTRETI
DE SÃO PAULO
O amor pode até doer. Mas
a paixão é um analgésico poderoso, conclui um estudo
feito pela Universidade de
Stanford (EUA).
Os pesquisadores recrutaram 15 universitários que estavam vivendo a primeira fase de um relacionamento
amoroso (no máximo nove
meses) e analisaram a forma
como reagiam à dor física.
Os alunos eram estimulados a olhar fotos das pessoas
por quem estavam apaixonados, enquanto um aparelho
térmico causava dores nas
palmas de suas mãos. Eles
sentiam menos dor quando
as imagens eram exibidas.
Com a ressonância magnética, a pesquisa constatou
que nesse momento era ativado o centro de recompensas do cérebro, mesma área
em que atuam analgésicos.
O anestesista americano
Jarred Younger, um dos autores do estudo, disse que a
paixão libera dopamina,
neurotransmissor que dá
sensação de bem-estar, também estimulado por drogas
que controlam a dor.
VÍCIO
"O comportamento de um
apaixonado é semelhante ao
de um viciado em drogas",
afirmou Younger em entrevista por telefone à Folha:
"Ficamos obcecados pela
pessoa amada como um viciado fica pela droga: só pensamos naquilo e no prazer.
Depois, a paixão diminui assim como o viciado passa a ficar mais tolerante à droga."
O psicoterapeuta João Augusto Figueiró, do Centro de
Dor do Hospital das Clínicas,
reforça: "Essa euforia causada pela paixão e as drogas
inibe a sensação dolorosa."
Segundo Younger, o estudo abre uma perspectiva para novas formas de tratar crises de dor:
"Formas simples de incentivar a afetividade, como um
toque de mãos com a pessoa
amada, podem ser tão eficazes quanto as medicações de
controle da dor. A paixão é
realmente um analgésico."
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