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Estudos derrubam "fobia" moderna de gordura saturada
Pesquisas sobre riscos cardiovasculares redimem até manteiga; dieta "light" demais pode prejudicar a saúde
O pior é banir esse tipo de alimento e, para compensar, aumentar o consumo de açúcar, como muitos fazem
JULLIANE SILVEIRA
DE SÃO PAULO
Nas últimas décadas, médicos e pesquisadores não
pouparam a gordura saturada, sempre relacionada a aumento de problemas cardiovasculares. Agora, pesquisas
mostram que ela não é a
grande vilã da alimentação.
Uma análise de 21 estudos
divulgada em fevereiro não
encontrou relação direta entre o consumo desse tipo de
gordura e o maior risco de infarto e derrame.
Outra pesquisa, publicada
em abril, apontou que dietas
pobres em gorduras saturadas, mas ricas em carboidratos, aumentariam o risco de
infarto em 33%.
Até mesmo a manteiga, ingrediente emblemático desse
tipo de gordura, não se mostrou maléfica quando consumida com moderação.
Um trabalho do InCor com
66 pacientes mostrou que o
consumo de uma colher de
sopa de manteiga por dia não
eleva as chances de acidente
cardiovascular.
Os grandes problemas são
a alimentação desequilibrada e a forma como a gordura
foi sendo substituída.
"A população entendeu a
gordura saturada como o
grande vilão e abusou do
açúcar. Mas há muitos vilões.
É o estilo de vida que conta
para a saúde", diz o cardiologista Daniel Magnoni, diretor
do serviço de nutrologia do
Hospital do Coração.
O excesso de carboidratos
pode causar aumento de peso, intolerância à glicose e
aumento dos níveis de triglicérides, também relacionados a doenças do coração.
MEDO DE GORDURA
Para a nutricionista Ana
Carolina Moron, pesquisadora do InCor, as informações
negativas sobre as gorduras
saturadas contribuíram para
uma "fobia de gordura", com
a exclusão de todos os tipos.
Para muitas pessoas, ficam de fora dos cardápio até
mesmo as gorduras mono e
poli-insaturadas, encontradas principalmente em óleos
vegetais, nozes e castanhas.
Elas já são conhecidas por reduzir os níveis de triglicérides e aumentar os de HDL (o
colesterol "bom").
"Acham que vão engordar
e infartar. As pessoas consomem todos os alimentos em
versão light, excluem os
óleos e acabam tendo problemas de saúde por isso."
Uma consequência dessa
exclusão da gordura é o intestino preso. Pode ocorrer
ainda carência de vitaminas
lipossolúveis (A, D, E e K).
O indicado é consumir de
20% a 30% do total calórico
do dia em gorduras. Dessa
proporção, 7% devem ser
compostos por gorduras saturadas e o restante, pelas
mono e poli-insaturadas.
Isso equivale ao consumo
diário de duas ou três colheres de sopa de azeite colocadas na salada e de uma xícara de chá de nozes.
Colaborou FERNANDA BASSETTE, de São
Paulo
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