São Paulo, sábado, 15 de novembro de 2008

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Rede de bancos de cordão umbilical será ampliada

Proposta do Ministério da Saúde é criar centros em sete Estados, além do DF

Sangue de cordão umbilical e placentário é rico em células-tronco, uma das duas fontes principais para transplantes de medula

CAIO JOBIM
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, e o presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Luciano Coutinho, assinaram ontem, no Rio, um convênio que vai destinar R$ 31,5 milhões para a ampliação da rede BrasilCord, que reúne bancos públicos de armazenamento de sangue de cordão umbilical e placentário.
O sangue de cordão umbilical e placentário é rico em células-tronco hematopoéticas, uma das duas principais fontes para realização de transplantes de medula óssea. A outra são os doadores voluntários.
O transplante de medula óssea é indicado para pacientes que sofrem de leucemia, linfomas, anemias graves e imunodeficiências congênitas, além de outras 70 doenças relacionadas aos sistemas sangüíneo e imunológico.

Expansão da rede
Atualmente, a rede BrasilCord conta com quatro unidades -no Instituto Nacional de Câncer (RJ), no Hospital Israelita Albert Einstein (SP) e nos hemocentros da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) em Campinas e Ribeirão Preto. Com o investimento, serão criados outros oito centros nos Estados de Pernambuco, Ceará, Pará, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, além do Distrito Federal.
"Com essa expansão, a gente vai abranger várias regiões do país que tinham muito pouca participação em termos de doação voluntária, nas quais não há centros de transplante de medula. Com a chegada do banco de sangue de cordão umbilical e o laboratório de processamento, a gente proporciona também a atividade de transplante nessas regiões", afirmou Luiz Fernando Bouzas, coordenador da rede BrasilCord e diretor do centro de transplante de medula óssea do Inca (Instituto Nacional de Câncer).
Juntos, os quatro bancos de cordão em funcionamento têm 6.000 amostras de sangue de cordão umbilical e placentário estocadas. Quando as novas unidades estiverem em atividade plena, a meta é chegar a 50 mil amostras armazenadas.
Chegando a esse número, a estimativa é que 85% dos transplantes de medula óssea realizados no Brasil sejam feitos a partir de doações. Isso deve acontecer dentro de cinco anos, de acordo com Bouzas.

Transplantes
Antes da implantação da rede BrasilCord a probabilidade de que fosse encontrado um doador compatível no registro de doadores voluntários era inferior a 10%. Hoje, essa probabilidade já ultrapassou os 50%.
Desde que a rede foi implantada, em novembro de 2004, foram realizados 60 transplantes com doador nacional de sangue de cordão umbilical.
"A utilização do inventário de sangue de cordão considerado útil fica em torno de 1% ou 2% do que está armazenado, e a gente já está utilizando cerca de 3,5%", disse Bouzas.
Segundo ele, o Brasil realiza cerca de 1.800 transplantes de medula óssea por ano.
O ministro José Gomes Temporão destacou as possibilidades de parceria do ministério com o BNDES para objetivos como esse.
"Trabalhamos com um tema muito sensível do ponto de vista de saúde pública, pensando numa estratégia em rede, de abrangência nacional, em que vai ser possível medir com muita clareza os benefícios e o impacto dessa articulação em prol da saúde pública", disse.


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