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Radioterapia mais curta é tão eficaz quanto a padrão
Tratamento de três semanas pode substituir o de cinco semanas em alguns grupos de pacientes
IARA BIDERMAN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Dois estudos recém-publicados indicam que o tratamento
radioterápico mais curto é tão
eficaz quanto o tratamento padrão, de cinco semanas, e proporciona melhor qualidade de
vida a mulheres com câncer de
mama detectado precocemente. Os trabalhos foram publicados em dois dos mais influentes
periódicos na área, o "New England Journal of Medicine" e o
"Lancet Oncology".
O estudo publicado no "New
England", realizado no Canadá,
acompanhou 1.234 pacientes
por 12 anos. Elas foram escolhidas aleatoriamente para receber a radioterapia padrão ou o
tratamento acelerado, feito em
apenas três semanas. Embora
mais curto, o esquema de três
semanas envolve doses maiores de radiação por sessão.
Após dez anos, as pacientes
submetidas ao tratamento
mais curto tiveram um índice
de recidiva do câncer estatisticamente semelhante ao das
submetidas ao tratamento de
cinco semanas. A sobrevida
também foi muito parecida para os dois esquemas de radioterapia: 84,4% para o tratamento
padrão e 84,6% para o de três
semanas. Os efeitos colaterais
foram similares.
O outro estudo, feito no Reino Unido, acompanhou cerca
de 2.200 pacientes por cinco
anos. Foram comparados os
efeitos da radioterapia mais
curta e da convencional. Os resultados foram parecidos aos
do estudo canadense, com uma
pequena diminuição na alteração da cor da mama para o grupo que recebeu a radioterapia
mais curta. As pacientes que receberam o tratamento de três
semanas tiveram melhores resultados na avaliação de qualidade de vida.
"Os trabalhos trazem evidências sólidas de que o fato de o
tratamento ser curto não muda
nada para um grupo importante de pacientes. Isso permite
que um número maior de mulheres tenha acesso mais rápido aos equipamentos [de radioterapia], diminui os custos públicos e privados e melhora a vida da paciente", afirma João
Luis Fernandes da Silva, coordenador da radioterapia do
Hospital Sírio-Libanês.
Para Marcos Desidério Ricci,
mastologista do Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São
Paulo Octavio Frias de Oliveira), diminuir o tempo de tratamento é uma vantagem enorme. "No Brasil, um dos maiores
problemas no tratamento do
câncer de mama é a falta de
equipamento de radioterapia
ou a dificuldade de acesso aos
centros que têm os equipamentos. Com a evidência da segurança oncológica para o tratamento mais curto, podemos diminuir a fila de espera para a
radioterapia", diz.
Ricci e Silva alertam que os
resultados valem para o grupo
específico de pacientes envolvidas nos estudos: mulheres
com câncer de mama detectado
precocemente e submetidas à
quadrantectomia (retirada de
apenas uma parte da mama).
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