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Perder emprego eleva riscos de problemas de saúde
Mesmo quando causada por fechamento da empresa, demissão aumenta em até 83% as chances de o profissional ter alguma doença
JULLIANE SILVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Perder o emprego por fechamento da empresa ou extinção
do cargo aumenta em até 83%
as chances de o profissional desenvolver alguma doença. É o
que mostra uma pesquisa realizada na Escola de Saúde Pública de Harvard com dados do
"U.S. Panel Study of Income
Dynamics" de 1999, 2001 e
2003, um estudo do comportamento econômico, social e relacionado à saúde de quase 9.000
famílias americanas.
A pesquisadora Kate Strully,
socióloga da State University of
New York, analisou o impacto
que a perda do posto de trabalho "sem culpa" (como definiu
a demissão por encerramento
do cargo ou fechamento da empresa) na saúde de empregados
com diversos cargos, em áreas
como gerenciamento, operação
de máquinas e serviços.
As principais doenças foram
as cardiovasculares (especialmente hipertensão e doenças
do coração) e artrite. "Acredito
que é mais provável que as
doenças surjam em parte por
causa de uma depressão e também por estresse e mudanças
nos comportamentos saudáveis", disse Strully à Folha.
Um outro trabalho, realizado
em São Paulo e Porto Alegre
pela Isma-BR, instituição dedicada ao estudo da prevenção e
do tratamento de estresse,
mostra que o medo de perder o
emprego torna as pessoas 50%
mais propensas a ter problemas de saúde.
Entre os mil entrevistados,
37% afirmaram ter medo de
perder o posto. Desses, 88% relataram dores de cabeça e musculares, 42% disseram ter problemas de sono e 30% apresentaram pressão alta, dor no peito e suspeita de infarto. No
Brasil, foram fechadas quase
800 mil vagas com carteira assinada de novembro de 2008 a
janeiro deste ano.
Sintomas
Ao deixar de integrar uma organização, o sentimento de
perda, o medo e a insegurança
desencadeiam um quadro de
estresse. Quando é intenso ou
prolongado, ele desregula a
produção de hormônios.
No sistema cardiovascular,
esse desequilíbrio pode levar a
aumento da pressão arterial,
diabetes e maior risco de infarto e derrame cerebral em pessoas com propensão.
"Observo constantemente
esse tipo de problema. A pessoa
perde o emprego, então ela infarta ou fica hipertensa. E sempre se questiona: "puxa, trabalhava tanto e agora, sem trabalhar, fiquei doente". Acontece
que a doença já existia e a demissão foi o gatilho para o problema", afirma Ana Lúcia Alves
Ribeiro, diretora do Departamento de Psicologia da Sociedade de Cardiologia do Estado
de São Paulo.
Nesse contexto, o sistema
imunológico também fica debilitado e pode precipitar a manifestação de doenças autoimunes, caso da artrite reumatoide.
Doenças de dor crônica, como
fibromialgia, também pioram.
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