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Nos EUA, pessoas são pagas para tomar seus remédios
Com incentivo financeiro, programa quer evitar que pacientes abandonem tratamentos ou se esqueçam da medicação receitada
PAM BELLUCK
DO "NEW YORK TIMES"
Entre um terço e metade
das pessoas não tomam os
remédios conforme são receitados, e até um quarto delas
não chega a comprá-los.
Um esforço controverso
para fazer frente ao problema
vem ganhando espaço: pagar dinheiro às pessoas para
tomarem seus remédios.
"É melhor gastar dinheiro
com isso do que ter os pacientes entrando e saindo do
hospital", diz Valerie Fleishman, diretora do Instituto
New England Healthcare.
Pesquisas desse instituto
apontam que 10% das internações hospitalares decorrem da adesão incorreta a
medicações prescritas.
Os pagamentos modestos
poderiam economizar dinheiro gasto nas internações.
Num programa da Filadélfia, as pessoas para as quais
foi receitado um anticoagulante sanguíneo ganham
US$ 10 ou US$ 100 por dia em
que tomam o remédio, por
meio de um tipo de loteria.
Uma caixa de comprimidos computadorizada registra se elas tomaram a droga e
se ganharam o prêmio.
Antes do programa, a mãe
solteira Chiquita Parker, 25,
que tem lúpus, estava doente
demais para trabalhar.
Apesar de depender do remédio para evitar complicações, como derrames, ela tinha lapsos frequentes.
"Eu me esquecia de tomar
e me sentia como se não pudesse respirar", diz Chiquita.
Em seis meses no programa, ela ganhou US$ 300.
"Comecei a ficar muito bem."
Mas, para os céticos, os pagamentos podem prejudicar
a relação médico-paciente.
"Por que se deveria pagar
pessoas que se recusam a tomar medicamentos, enquanto não se premia quem toma?", indaga o professor de
psiquiatria George Szmukler,
do King's College Londres.
"Se começarmos a pagar
as pessoas para tomarem
seus remédios, como vamos
parar?", pergunta Joanne
Shaw, diretora de um departamento do Serviço Nacional
de Saúde britânico.
Para outros especialistas,
o efeito psicológico é mais
importante que o valor financeiro. O projeto da Filadélfia,
por exemplo, vem funcionando com pessoas de níveis
de renda diversos.
Tradução de Clara Allain
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