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Testes genéticos detectam doenças ligadas a alimentos
Intolerância a lactose e a glúten e predisposição a obesidade são problemas identificados em novo exame
Alguns médicos dizem que novidade não traz muitos ganhos, já que problemas de saúde não dependem só de genes
MARIANA PASTORE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Chegam ao Brasil os primeiros testes genéticos ligados ao campo emergente da
nutrigenômica, que estuda
como os alimentos interagem com certos genes.
Os exames detectam a predisposição a três problemas:
obesidade, intolerância a
lactose e doença celíaca.
A intolerância a lactose é
causada pela ausência da enzima que quebra o açúcar do
leite. Já a doença celíaca é a
intolerância ao glúten.
No caso da obesidade, o
teste pode indicar como a
pessoa vai responder a dietas, segundo Claudia Moreira, diretora científica da
Eocyte, uma das empresas
responsáveis pelos testes.
"É uma ferramenta que vai
permitir ao médico adaptar o
tratamento de acordo com o
perfil do paciente", diz.
Em relação a diagnósticos
clínicos, o teste é mais preciso. Mas seu uso divide médicos. O presidente da Sociedade de Gastroenterologia do
Rio de Janeiro, José Augusto
Messias, afirma não acreditar que traga benefícios, porque o surgimento das doenças é determinado por outros
fatores, não só pela genética.
Já na avaliação de Luiz Vicente Rizzo, diretor do Instituto de Pesquisa do Hospital
Albert Einstein, o teste vale,
mas só para a doença celíaca.
"Nesse caso, o diagnóstico
precoce é fundamental, permite preparos específicos."
OFERTA RARA
O médico coleta células
bucais do paciente com cotonete. A amostra segue ao laboratório Stab Vida, em Portugal, onde é analisada. O resultado chega 20 dias depois.
Os testes de obesidade e
intolerância a lactose custam
R$ 550 cada um. O de doença
celíaca chega a R$ 1.000.
O material é colhido pelos
laboratórios CDB e Centro de
Genomas, de São Paulo. Esse
tipo de exame é raro no país.
Poucos laboratórios dispõem
de tecnologia.
A Eocyte diz que, como a
análise é feita fora do país,
não é necessário registro na
Anvisa (Agência Nacional de
Vigilância Sanitária).
A Anvisa informa que
qualquer produto comercializado no Brasil deve ter autorização do órgão. Isso significa que os exames genéticos
não passaram ainda por verificação de eficácia, segurança e qualidade.
A chegada de mais um
produto abre discussão sobre o futuro dos exames clínicos e do sequenciamento genético dos pacientes.
Segundo João Renato Pinho, médico do laboratório
de patologia clínica do Einstein, "no futuro, as pessoas
irão ao médico com a análise
completa do seu DNA sequenciado. O profissional
poderá informar quais riscos
de doença elas têm e se respondem a certas drogas."
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