São Paulo, quinta-feira, 16 de dezembro de 2010 |
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Dose diária de aspirina previne câncer Revisão de estudos mostra que o consumo regular do remédio inibe o surgimento de vários tipos de tumor Instituto do Câncer de SP fará pesquisa para avaliar se o comprimido protege contra a volta da doença no intestino DÉBORA MISMETTI EDITORA-ASSISTENTE DE SAÚDE Tumores de intestino, esôfago, pâncreas, próstata, estômago e colorretal podem ser evitados com o consumo de uma dose baixa de aspirina todos os dias, segundo uma revisão de estudos publicada neste mês no jornal médico "Lancet". O benefício trazido pelo remédio só começa a aparecer depois de cinco anos de consumo diário, de acordo com a pesquisa, que somou dados de mais de 25 mil pacientes. Essas pessoas estavam tomando aspirina para evitar a recorrência de problemas cardíacos e foram acompanhadas pelos pesquisadores por no mínimo quatro anos. O sexo dos pacientes e o tabagismo não influenciaram os resultados. Mas a idade, sim. Quanto mais velha a pessoa era, mais forte foi o efeito da aspirina. Maiores de 65 anos que usavam o remédio tiveram um índice de morte por câncer 7% menor do que os que não tomavam, depois de 20 anos de acompanhamento. EVIDÊNCIAS O oncologista Paulo Hoff, diretor clínico do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, lembra que existiam evidências do efeito protetor da aspirina para tumores intestinais. A novidade é a influência do remédio sobre outros tipos de câncer. "A aspirina reduz a incidência de pólipos no intestino, que são precursores dos tumores", afirma. O remédio quebra o ciclo de produção das prostaglandinas, substâncias que causam inflamações. Essa função da aspirina é a principal hipótese para explicar a redução na incidência de câncer. No ano que vem, o Instituto do Câncer vai iniciar uma pesquisa para avaliar se o uso constante da aspirina evita o retorno do câncer em pacientes que já foram tratados por tumor de intestino. DOSAGEM O estudo não fixa a dose ideal diária de aspirina, mas mostra que os benefícios aparecem com quantidades pequenas do remédio. Cerca de 20% dos 25 mil participantes do estudo tomavam 75 mg por dia. O comprimido infantil brasileiro tem 100 mg. Para pacientes cardíacos, as doses diárias recomendadas chegam a 300 mg. O comprimido normal tem 500 mg. "Há efeitos colaterais. Se a dose for baixa, esse risco diminui", diz Hoff. Entre os problemas ligados ao uso da aspirina estão as úlceras estomacais e os sangramentos. Artur Katz, coordenador de oncologia clínica do Hospital Sírio Libanês, diz que a pesquisa junta dados de estudos que não tinham como objetivo medir a dose ideal do remédio para prevenir câncer e, por isso, outros trabalhos deverão ser feitos para aprofundar os resultados. "O que fica claro é que não adianta tomar por um tempo e parar." Para o oncologista, o estudo é importante porque a eficácia da aspirina no caso de problemas cerebrovasculares já é comprovada e, agora, tem um "bônus" de reduzir a incidência de tumores. "O custo é muito menor do que outras medidas como exames de pesquisa de tumor. É uma droga simples, barata, que tem efeitos colaterais mas, na maior parte das pessoas, não traria maiores problemas." Texto Anterior: FOLHA.com Próximo Texto: "Sono de beleza", agora, tem comprovação científica Índice | Comunicar Erros |
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