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Pais têm mais medo da vacina do que da gripe A (H1N1) nos EUA
Pesquisa revela que 66% dos adultos estão mais preocupados com a segurança da vacina; entre eles, apenas 10% levaram os filhos para serem imunizados
RACHEL BOTELHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma pesquisa conduzida pelo C.S. Mott Children's Hospital, nos Estados Unidos, indica
que 55% dos pais se afligem
com a possibilidade de seus filhos pegarem a gripe A (H1N1),
enquanto 66% deles estão mais
preocupados com a segurança
da vacina utilizada para evitar a
doença. Entre os filhos de pais
mais receosos com a vacina,
apenas 10% foram imunizados.
Foram entrevistados 1.612
pais com 18 anos de idade ou
mais, em uma amostra representativa da população do país,
no último dia 18 de janeiro. A
margem de erro é de dois a três
pontos percentuais, para mais
ou para menos.
Infectologistas ouvidos pela
Folha afirmam que, no Brasil,
onde a vacinação contra a gripe
A deve começar em 8 de março,
o panorama não deve se repetir. Para eles, os americanos
ainda guardam más lembranças de um episódio ocorrido no
fim da década de 1970, quando
uma vacina contra gripe foi responsabilizada por uma série de
efeitos colaterais graves.
"Acredito que aqui a vacina
será extremamente bem-aceita", diz o infectologista Juvêncio Furtado, professor da Faculdade de Medicina do ABC.
Segundo ele, as doses que serão
distribuídas pelo Ministério da
Saúde não têm efeitos colaterais significativos. "A proteína
do vírus não tem capacidade de
provocar doença. Ela é tão segura quanto a da gripe sazonal."
O infectologista David Uip,
diretor do hospital Emílio Ribas, ressalta que a vacina da gripe A não é diferente daquela
administrada anualmente. "Só
mudou o sorotipo, que muda
todos os anos", diz. Ele acredita
que campanhas informativas
são fundamentais para evitar
uma baixa adesão à vacinação,
como ocorreu nos EUA.
Para Celso Granato, professor da Universidade Federal de
São Paulo, é mais arriscado não
tomar a vacina, e o fato de ela
ter sido elaborada em pouco
tempo não deve ser motivo de
temor. "Ela foi distribuída em
enorme quantidade e os dados
sobre efeitos mostram que é
muito segura. Não tem nenhuma razão para achar que é pior
do que as anteriores", afirma.
A administradora de empresas Marina Miyake, 31, entretanto, não está convencida. Ela
ainda não decidiu se a filha Mariana, de um ano e três meses,
será imunizada. "A escola dela
não fechou, não mudamos a rotina e ela não pegou a gripe.
Meu maior receio é o que pode
dar de reação", diz.
A vacina usada aqui será, provavelmente, a mesma aplicada
no hemisfério Norte, fabricada
a partir de microproteínas purificadas da superfície do vírus.
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