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FDA aprova novo aparelho com laser para lipoaspiração
Recuperação do paciente após o procedimento é mais rápida, mas os riscos são os mesmos da lipo tradicional
O calor emitido pela luz do laser rompe a membrana que envolve os adipócitos da pele, transformando a gordura corporal em líquido
FERNANDA BASSETTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Dermatologistas americanos
apresentaram na semana passada um novo aparelho para lipoaspiração a laser. A técnica
utiliza o calor da luz para derreter as células de gordura.
O novo aparelho, chamado
SlimLipo, foi aprovado pela
FDA (agência americana que
regula fármacos e medicamentos) e ainda não tem prazo para
chegar no Brasil -que já utiliza
outro equipamento com técnica parecida há cerca de um ano.
Segundo o cirurgião dermatológico Carlos Roberto Antônio, diretor científico da Sociedade Brasileira de Dermatologia - Regional São Paulo, as vantagens do novo aparelho são
permitir que a lipoaspiração seja feita com anestesia local
-em vez de anestesia geral- e
diminuir a duração do processo
em comparação com a lipoaspiração convencional.
A expectativa dos especialistas é que o aparelho chegue ao
Brasil no meio deste ano.
Antônio diz que o procedimento pode ser feito por cirurgiões plásticos ou dermatológicos, em consultórios ou clínicas
que tenham a infraestrutura
necessária (como equipamentos para reanimação e ventilação mecânica) para dar suporte
ao paciente, caso aconteça alguma emergência.
Mesmos riscos
O dermatologista Alexandre
Filippo, coordenador do departamento de laser da Sociedade
Brasileira de Dermatologia, no
entanto, aponta apenas duas
vantagens da lipoaspiração a laser em comparação com o método tradicional: o tempo de recuperação do paciente é menor
(entre quatro e seis dias, enquanto na lipoaspiração tradicional a recuperação leva de
nove a 15 dias) e o calor do laser
estimula a produção de colágeno, impedindo que a pele tratada fique com aparência flácida.
Filippo ressalta, porém, que a
lipoaspiração a laser traz os
mesmos riscos do procedimento convencional, realizado por
cirurgiões plásticos.
"A lipo a laser é um procedimento invasivo como a cirurgia
normal. A técnica não é tão
simples como parece e é um
procedimento cirúrgico. O paciente precisa tomar anestesia.
E se eu disser que não existe
risco de embolia [deslocamento de um coágulo de gordura
para o pulmão ou coração], por
exemplo, estou mentido. É raro, mas pode acontecer."
Centros cirúrgicos
Filippo diz também que não
recomenda realizar o procedimento em consultórios ou clínicas, pois há riscos para o paciente. "Acho que [o procedimento] deve ser feito em centros cirúrgicos, pois, se houver
alguma complicação durante a
realização, como perda dos
sentidos ou queda de pressão,
você tem toda a estrutura do
hospital", avalia o especialista.
Filippo faz mais uma ponderação. "A técnica deve ser usada
por médicos cirurgiões, e não
por qualquer dermatologista
que usa laser em consultório. O
dermatologista comum não
tem esse tipo de preparo", diz.
De acordo com Antônio, a
área a ser lipoaspirada é marcada pelo médico, e o paciente recebe anestesia local. Em seguida, uma cânula de 1,5 mm de
diâmetro é inserida na pele e a
luz do laser é acionada. Assim
como na lipoaspiração tradicional, o médico realiza movimentos de vai-e-vem e é guiado
pelo laser, que pode ser visto
por baixo da pele.
"Com o calor da luz do laser, a
membrana dos adipócitos [células que armazenam gordura]
é quebrada e a gordura derrete,
vira líquido", diz Antônio.
Depois que a gordura é derretida, o excesso é aspirado com
outra cânula. Em casos mais
simples, a gordura pode ser
drenada com massagens e eliminada naturalmente.
O dermatologista Luís Fernando Tovo, do Hospital Sírio-Libanês, diz não ver benefícios
no procedimento em comparação com a lipo tradicional.
"O laser foi apresentado como uma grande novidade, mas
o que ele faz é tirar a gordura
derretida enquanto o outro
método tira a gordura inteira. O
resultado é o mesmo. Não vejo
isso como revolucionário e o
procedimento é mais caro." O
fabricante estima que as sessões no Brasil devam custar entre R$ 3.000 e R$ 15 mil, dependendo da área a ser tratada. O
valor de R$ 3.000, por exemplo,
se referiria a regiões menores,
como a papada -a versão tradicional custa cerca de R$ 1.500.
José Teixeira Gama, secretário-adjunto da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, diz
que ainda não existem estudos
científicos que corroborem a
segurança e a eficácia da técnica de lipoaspiração a laser.
"Os resultados apresentados
ainda são muito recentes. Nós
sabemos que, no futuro, o laser
poderá ser utilizado em algumas modalidades de lipoaspiração, mas ainda é muito cedo
para dizermos que é bom", diz.
Gama diz ainda que a comunidade científica ainda não
chancelou o procedimento.
"Não é porque tem nos Estados
Unidos que é bom. Tem muita
porcaria lá. Eles também fazem
coisas que não funcionam", diz.
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