São Paulo, quinta-feira, 17 de junho de 2010

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Obesas engravidam mais sem desejar

Elas não se protegem, afirmam não ligar para sexo e têm menos parceiros, diz estudo sobre peso e sexualidade

Medo de rejeição pode explicar a dificuldade de impor ao outro um método de prevenção, segundo médica

RACHEL BOTELHO
DE SÃO PAULO

Mulheres obesas usam menos métodos contraceptivos, dão menor importância à sexualidade e usam mais a internet que as outras para encontrar seus parceiros.
Os dados são da primeira grande pesquisa a investigar o impacto do peso extra na atividade e na saúde sexual, em especial das mulheres.
Para o estudo, publicado no "British Medical Journal", foram ouvidos mais de 12 mil moradores da França, com idades entre 18 e 69 anos.
Os entrevistados foram divididos em três grupos: com peso normal (índice de massa corporal entre 18,5 e 25), sobrepeso (entre 25 e 30) e obesos (acima de 30).
Os resultados mostraram também uma relação inversa entre peso e número de parceiros, nos dois gêneros.
Entre as obesas, 17,8% acharam seu par pela internet; para os homens acima do peso, a taxa foi de 14%.
"Os achados apontam para uma baixa autoestima e falta de cuidado. Obesos se previnem menos (de gravidez e doenças sexualmente transmissíveis), talvez pela dificuldade de impor isso ao parceiro, com medo de ser rejeitado", diz Claudia Cozer, diretora da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica).
Entre as obesas, a taxa de gravidez não planejada chega a ser quatro vezes mais alta. Segundo a médica, muitas acham que não vão engravidar porque têm ciclos menstruais irregulares e passam meses sem menstruar.
"Elas não mantêm regularmente um método contraceptivo por desinformação, medo de tomar pílula e engordar mais ou pequeno número de parceiros", afirma.

CONVERSA DE MÉDICO
A especialista em medicina psicossexual Sandy Goldbeck-Wood, em um artigo publicado junto com a pesquisa, afirma que é complicado para os médicos discutir assuntos relacionados a sexo e sobrepeso com os pacientes e defende que eles se preparem para isso.
Para Nilson Roberto de Melo, presidente da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, boa parte dos médicos evita o assunto se não é questionada -um problema para as menos escolarizadas, que desconhecem as consequências negativas da obesidade.
"Quando a mulher está acima do peso, deve ser avisada de que pode ter ciclos irregulares", diz.


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