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Quedas são maior causa de traumas de coluna no Brasil
Pesquisa indica que idosos são mais atingidos por tombos, que podem provocar seqüelas irreversíveis e levar à morte
Também são causa de danos na coluna os acidentes de trânsito, que somam 23% dos casos, e as tentativas de homicídio, que têm 6%
FLÁVIA MANTOVANI
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma pesquisa feita na Faculdade de Saúde Pública da USP
(Universidade de São Paulo)
mostra que os traumas de coluna, que freqüentemente geram
seqüelas irreversíveis e podem
levar à morte, são causadas
principalmente por quedas -a
maioria delas, de idosos.
A professora de enfermagem
Vanessa Tuono Jardim, do Cefet (Centro Federal de Educação Tecnológica) de Santa Catarina, pesquisou dados sobre
internações hospitalares no
SUS (Sistema Único de Saúde)
de 2000 a 2005. Em 40% dos
casos, o trauma havia sido causado por quedas. Em segundo
lugar vêm os acidentes de trânsito, que representam 23% das
internações, seguidos de outros
acidentes (20%) e das tentativas de homicídio, com 6%.
"Ficamos surpresos pelo fato
de a maioria das quedas que geram traumas ser da própria altura [quando a pessoa não cai
de uma altura maior] e afetar
pessoas na faixa dos 70 anos",
ressalta Jardim.
Enquanto a taxa de internação por quedas foi de 14,8 para
cada 100 mil habitantes nas
mulheres com idade de 70 a 79
anos, o número foi de 2,1 em
mulheres com idade entre 20 e
29 anos. No caso dos homens,
esse índice foi de 13,9 nos mais
velhos e de 7,1 nos mais jovens.
A diferença entre homens e
mulheres aumenta após os 80
anos -elas são mais vulneráveis à osteoporose. "Piso muito
liso, fios atravessados, pequenas coisas geram quedas. É preciso tornar a casa segura para
os idosos", diz Fernando Façanha Filho, presidente da Sociedade Brasileira de Coluna.
Acidentes com trabalhadores da construção civil também
estão entre os grandes motivos
de queda, e respondem por 10%
dos acidentes que afetam a região cervical -os mais graves.
Apesar de as quedas afetarem mais pessoas idosas, a conclusão da pesquisa é que, em
geral, o trauma atinge mais homens de idade entre 20 e 29
anos. "São jovens no auge da
sua produtividade, que costumam ficar com seqüelas muito
graves", diz Jardim. Do total de
internados por trauma em
2005, 3,9% morreram.
Um problema que afeta muitos pacientes jovens é a lesão
por mergulho em águas rasas,
responsável por 12% dos traumas por quedas. O hábito aumenta muito nesta época do
ano. "É um problema absolutamente sazonal. E costuma estar
associado ao consumo de álcool", afirma Façanha Filho,
que recomenda sempre verificar a profundidade do local antes de mergulhar de cabeça.
No período estudado, a taxa
de internações por traumas de
coluna aumentou 52,7%: passou de 15 para 22,9 casos em cada 100 mil habitantes. O fenômeno acompanhou o crescimento nas internações por causas externas em geral (eventos
não naturais). "Os acidentes de
trânsito e a violência aumentaram no período. Com isso, há
também mais traumas", diz.
Os traumas de coluna representam cerca de 3% das internações por causas externas. São
cerca de 20 mil internações por
ano. O dado é semelhante ao reportado em estudos feitos nos
EUA, mas a quantidade de internações por trauma é mais alta do que a de países como a
Alemanha, diz Jardim.
Traumas mais comuns
O levantamento também
mostrou quais são os traumas
mais comuns. Na maioria dos
casos, a região atingida é a lombo-sacral, na base da coluna,
que tem as conseqüências menos graves. Quase 30% das internações se deram por fratura
na coluna cervical -nesse caso,
a pessoa pode ficar tetraplégica. "Devido à mobilidade do
pescoço, as vértebras nessa região são mais finas e a fragilidade da medula é maior. Quanto
mais alto é o trauma, mais grave é a seqüela", diz Jardim.
Traumas que atingem a medula são os que têm mais chance de seqüelas graves e de morte: em média, 16% dos traumas
atingiram essa estrutura do sistema nervoso central.
Jardim diz que, apesar de estudos com células-tronco estarem sendo feitos para tentar
reabilitar a medula, muitas vezes não há o que fazer. "Causas
externas são previsíveis e preveníveis. O importante é evitar
que o trauma ocorra", diz.
Entre as medidas preventivas, ela cita a proteção aos trabalhadores da construção civil,
as campanhas para uso de cinto
de segurança e o controle de velocidade no trânsito.
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