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Café e chá são ligados a menor risco de diabetes
Consumo foi associado a até 36% menos chances de sofrer da doença
Antioxidantes presentes nesses alimentos poderiam atuar nas células produtoras de insulina, evitando sua oxidação e posterior lesão
JULLIANE SILVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O consumo regular de café ou
chá pode reduzir o risco de diabetes tipo 2, mostra uma metanálise de 18 estudos publicada
no "Archives of Internal Medicine". Os pesquisadores avaliaram trabalhos que consideraram a ingestão de café normal,
descafeinado e chá.
Após excluírem variáveis que
poderiam influenciar no aparecimento do diabetes, eles calcularam, em comparação com
quem não ingere nenhuma dessas bebidas, que cada xícara
(150 ml) de café diária reduz
em 7% as chances de desenvolver a doença. No caso do descafeinado, o consumo de três ou
quatro xícaras por dia foi relacionado a um risco 36% menor,
e quem bebia a mesma quantidade de chá apresentou 18%
menos chances.
Uma das hipóteses é a de que
substâncias antioxidantes presentes nas bebidas, como os
ácidos clorogênicos, atuem nas
células beta, responsáveis por
sintetizar insulina (hormônio
que promove a absorção de glicose). O excesso de oxidação
pode lesar as células.
A UnB (Universidade de Brasília) também desenvolve uma
pesquisa para avaliar a ação do
café na prevenção de diabetes.
Foram entrevistados por telefone cerca de mil voluntários.
Desses, 70 foram avaliados em
laboratório. Os dados serão divulgados em 2010, mas os resultados preliminares são bons.
"Populações de diferentes
países apresentaram resultados consistentes, e agora avaliamos no Brasil. Várias pesquisas apontam que quem consome café regularmente tende a
desenvolver o quadro de diabetes mais tardiamente. No entanto, temos o hábito de consumir com açúcar e, por isso, podemos ter diferença de resposta", afirma a nutricionista Teresa Helena Macedo da Costa,
uma das responsáveis pelo trabalho e professora da UnB.
Quanto consumir
Pesquisadores indicam a ingestão diária de até 600 ml de
café filtrado por dia ou de chá, o
equivalente a quatro xícaras,
para se obterem os benefícios.
"Esses estudos mostram que,
do ponto de vista cardiológico,
não há razões para evitar tomar
café", afirma o cardiologista
Luiz Antônio Machado César,
do InCor (Instituto do Coração), onde também pesquisa
sobre consumo de café e problemas cardiovasculares.
"É uma revisão de vários estudos, mas isso não se transfere
para a prática clínica de imediato. Quando sai um trabalho em
uma revista de impacto, a interpretação pode ser "vamos tomar café para prevenir diabetes", mas não é assim", contrapõe Antônio Roberto Chacra,
diretor da Sbem (Sociedade
Brasileira de Endocrinologia e
Metabologia) de São Paulo.
Médicos ouvidos pela Folha
e os autores do estudo consideram que ainda faltam estudos
controlados que comparem
pessoas que consomem as bebidas com grupos controle que
não as ingerem para ser possível passar a uma indicação clínica desses alimentos.
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