São Paulo, sábado, 18 de julho de 2009

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Tabagismo acelera piora da esclerose múltipla, diz estudo

Pesquisa concluiu que fumantes progridem antes da forma de surto-remissão para a progressiva

RACHEL BOTELHO
DA REPORTAGEM LOCAL

O tabagismo pode acelerar a progressão da esclerose múltipla, concluiu um estudo publicado no "Archives of Neurology". Essa é uma das doenças mais comuns do sistema nervoso central em adultos jovens.
Pesquisadores do Brigham and Women's Hospital, da Harvard Medical School e do Massachusetts General Hospital, em Boston (EUA), acompanharam 1.465 pacientes com esclerose múltipla por cerca de três anos. Em média, os participantes tinham 42 anos e apresentavam a doença havia 9,4 anos.
Pouco mais da metade (53,2%) nunca havia fumado, 29,2% haviam sido fumantes no passado e 17,5% eram fumantes ativos. A progressão da esclerose múltipla foi avaliada por meio de características clínicas e de exames de ressonância magnética.
Os resultados mostram que os fumantes sofriam de uma forma significativamente mais severa da doença no início do estudo e apresentavam mais a forma primariamente progressiva da doença, caracterizada por um declínio progressivo das capacidades neurológicas, em vez do tipo remitente-recorrente -ou surto-remissão.
Um grupo de 891 pacientes foi avaliado ainda em relação à taxa de conversão da forma de surto-remissão para secundariamente progressiva, declínio constante que ocorre a seguir.
Ao longo do estudo, 72 pacientes experimentaram essa progressão -que foi mais rápida em fumantes atuais comparados com os que nunca fumaram e similar entre ex-fumantes e os que nunca fumaram.
Para Antonio Pereira Gomes Neto, vice-coordenador do Departamento de Neuroimunologia da Academia Brasileira de Neurologia e coordenador do Centro de Atenção ao Paciente Portador de Esclerose Múltipla da Santa Casa de Belo Horizonte, trata-se de um estudo grande, feito por um serviço médico importante e publicado em uma revista respeitada, mas que não é definitivo.
"É um trabalho a ser olhado com carinho, porque é provável que as substâncias tóxicas do cigarro contribuam para o agravamento da esclerose múltipla, mas não significa que o cigarro tenha uma influência definitiva", afirma. Ainda assim, ele acredita que todos os médicos devem avisar seus pacientes fumantes que têm a doença sobre a descoberta.
Para o neurologista Rodrigo Barbosa Thomaz, do hospital Albert Einstein e do Centro de Atendimento e Tratamento da Esclerose Múltipla da Santa Casa de São Paulo, o cigarro pode contribuir para acelerar a transição entre as duas fases da doença, mas não isoladamente.
"Mais estudos precisam ser realizados para comprovar essa hipótese. Existem outros fatores inerentes ao paciente e à doença em si que contribuem para que a transição seja mais rápida", afirma.


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