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Tabagismo acelera piora da esclerose múltipla, diz estudo
Pesquisa concluiu que fumantes progridem antes da forma de surto-remissão para a progressiva
RACHEL BOTELHO
DA REPORTAGEM LOCAL
O tabagismo pode acelerar a
progressão da esclerose múltipla, concluiu um estudo publicado no "Archives of Neurology". Essa é uma das doenças
mais comuns do sistema nervoso central em adultos jovens.
Pesquisadores do Brigham
and Women's Hospital, da Harvard Medical School e do Massachusetts General Hospital,
em Boston (EUA), acompanharam 1.465 pacientes com esclerose múltipla por cerca de três
anos. Em média, os participantes tinham 42 anos e apresentavam a doença havia 9,4 anos.
Pouco mais da metade
(53,2%) nunca havia fumado,
29,2% haviam sido fumantes
no passado e 17,5% eram fumantes ativos. A progressão da
esclerose múltipla foi avaliada
por meio de características clínicas e de exames de ressonância magnética.
Os resultados mostram que
os fumantes sofriam de uma
forma significativamente mais
severa da doença no início do
estudo e apresentavam mais a
forma primariamente progressiva da doença, caracterizada
por um declínio progressivo
das capacidades neurológicas,
em vez do tipo remitente-recorrente -ou surto-remissão.
Um grupo de 891 pacientes
foi avaliado ainda em relação à
taxa de conversão da forma de
surto-remissão para secundariamente progressiva, declínio
constante que ocorre a seguir.
Ao longo do estudo, 72 pacientes experimentaram essa
progressão -que foi mais rápida em fumantes atuais comparados com os que nunca fumaram e similar entre ex-fumantes e os que nunca fumaram.
Para Antonio Pereira Gomes
Neto, vice-coordenador do Departamento de Neuroimunologia da Academia Brasileira de
Neurologia e coordenador do
Centro de Atenção ao Paciente
Portador de Esclerose Múltipla
da Santa Casa de Belo Horizonte, trata-se de um estudo grande, feito por um serviço médico
importante e publicado em
uma revista respeitada, mas
que não é definitivo.
"É um trabalho a ser olhado
com carinho, porque é provável
que as substâncias tóxicas do
cigarro contribuam para o
agravamento da esclerose múltipla, mas não significa que o cigarro tenha uma influência definitiva", afirma. Ainda assim,
ele acredita que todos os médicos devem avisar seus pacientes fumantes que têm a doença
sobre a descoberta.
Para o neurologista Rodrigo
Barbosa Thomaz, do hospital
Albert Einstein e do Centro de
Atendimento e Tratamento da
Esclerose Múltipla da Santa
Casa de São Paulo, o cigarro pode contribuir para acelerar a
transição entre as duas fases da
doença, mas não isoladamente.
"Mais estudos precisam ser
realizados para comprovar essa
hipótese. Existem outros fatores inerentes ao paciente e à
doença em si que contribuem
para que a transição seja mais
rápida", afirma.
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