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Brasil pesquisa influência da genética na pressão alta
Médicos procuram os motivos pelos quais muitos hipertensos não conseguem controlar a doença, mesmo tomando remédios
CLÁUDIA COLLUCCI
DE SÃO PAULO
Um projeto envolvendo 29
hospitais-escola investigará
a razão pela qual muitos hipertensos, mesmo usando a
medicação, não conseguem
controlar a pressão.
Mais da metade dos hipertensos têm a doença descontrolada-a maioria, por falta
de adesão ao tratamento.
O estudo multicêntrico, financiado pelo Ministério da
Saúde, vai mapear pacientes
resistentes ao tratamento.
Enquadram-se nesse critério
os que já tenham tentando
usar três classes de drogas.
O cardiologista José
Eduardo Krieger, professor
da USP, diz que os pesquisadores vão tentar correlacionar dados sobre a resistência
aos medicamentos com as
variantes genéticas de cada
pessoa. "Hoje, com os chips
de DNA, a gente pode fazer
um milhão de indagações para cada amostra de sangue."
Ainda hoje o tratamento
da hipertensão é feito por
tentativa e erro. A escolha do
remédio tem base na experiência do médico e em estudos clínicos, que não servem
para perfis individuais.
Krieger, que dirige o laboratório de genética do InCor,
explica que grupos brasileiros já desenvolvem estudos
nesse sentido, mas, isoladamente. "Precisamos levantar
um conjunto de variantes genéticas e usar isso com fins
terapêuticos", diz.
Um desses estudos foi feito
pela USP de Ribeirão Preto e
publicado na revista médica
"Atherosclerosis". O grupo
identificou alguns padrões
genéticos que podem funcionar como marcadores para
maior ou menor probabilidade da pressão alta.
Segundo o cardiologista
Fernando Nobre, professor
da faculdade de medicina da
USP de Ribeirão Preto, quando as pessoas sintetizam
mais óxido nítrico -substância que relaxa os vasos sanguíneos-, tendem a controlar melhor a pressão.
"Quando há um defeito
nessa produção, ocorre mais
vasoconstrição e a pressão é
maior", explica Nobre.
A expectativa é que, no futuro, um simples exame de
sangue defina se a hipertensão está relacionada à deficiência ou ao excesso de determinadas substâncias.
"Vamos dar remédios capazes de interferir na ação dessa substância", espera ele.
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