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28,7% dos moradores de São Paulo têm dor crônica
Esse tipo de dor, que dura ao menos três meses, afeta mais mulheres e obesos
Especialistas consideram índice elevado; estudo, feito com 2.401 pessoas, mostrou que problema de coluna é o mais associado ao sintoma
FLÁVIA MANTOVANI
DA REPORTAGEM LOCAL
Quase 30% da população de
São Paulo tem dor crônica, afirma um estudo no qual foram
ouvidos 2.401 moradores com
idade entre 18 e 91 anos. As entrevistas foram feitas por telefone, e foi considerada dor crônica aquela que dura mais de
três meses e ocorre com um padrão de regularidade.
Segundo os autores, especialistas da USP (Universidade de
São Paulo), é a maior pesquisa
já feita sobre o tema na cidade e
uma das mais abrangentes do
país. O trabalho foi patrocinado
pela empresa farmacêutica
Janssen-Cilag e apresentado
no Cindor (Congresso Interdisciplinar de Dor da USP).
"A dor aguda, em geral, tem
causa bem determinada e passa
com analgésicos ou sozinha. A
dor crônica tem manejo mais
complexo e gera muitas repercussões físicas, psíquicas e sociais", afirma Manoel Jacobsen, chefe do grupo de dor do
Hospital das Clínicas da USP.
O índice obtido, de 28,7%, é
semelhante ao de alguns países
europeus e foi considerado alto
pela enfermeira Karine Leão,
também do grupo de dor do HC
e uma das autoras do trabalho.
"A dor crônica é um grande motivo para faltas e aposentadorias no trabalho, e os sistemas
de saúde têm um gasto muito
alto em remédios contra a dor."
Para ela, o fato de haver em
São Paulo moradores originários de todo o país faz com que o
levantamento reflita a realidade nacional sobre o tema.
Entre as condições associadas à dor, os problemas na coluna ficaram em primeiro lugar,
seguidos por dores de cabeça e
ansiedade. As mulheres foram
as mais afetadas -ainda não se
sabe claramente o que leva a isso, mas fatores hormonais podem estar envolvidos.
A sobrecarga gerada pelo excesso de peso e o sedentarismo
ajudam a explicar o motivo pelo
qual os obesos tiveram dor crônica com mais frequência, e os
hábitos de vida prejudiciais,
que incluem estresse, o porquê
de 20% dos adultos jovens se
queixarem do problema.
Os índices de automedicação
(15,5%) e de pessoas que não fazem tratamento (32,9%) foram
considerados preocupantes pelos autores da pesquisa.
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