São Paulo, sexta-feira, 19 de junho de 2009

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28,7% dos moradores de São Paulo têm dor crônica

Esse tipo de dor, que dura ao menos três meses, afeta mais mulheres e obesos

Especialistas consideram índice elevado; estudo, feito com 2.401 pessoas, mostrou que problema de coluna é o mais associado ao sintoma


FLÁVIA MANTOVANI
DA REPORTAGEM LOCAL

Quase 30% da população de São Paulo tem dor crônica, afirma um estudo no qual foram ouvidos 2.401 moradores com idade entre 18 e 91 anos. As entrevistas foram feitas por telefone, e foi considerada dor crônica aquela que dura mais de três meses e ocorre com um padrão de regularidade.
Segundo os autores, especialistas da USP (Universidade de São Paulo), é a maior pesquisa já feita sobre o tema na cidade e uma das mais abrangentes do país. O trabalho foi patrocinado pela empresa farmacêutica Janssen-Cilag e apresentado no Cindor (Congresso Interdisciplinar de Dor da USP).
"A dor aguda, em geral, tem causa bem determinada e passa com analgésicos ou sozinha. A dor crônica tem manejo mais complexo e gera muitas repercussões físicas, psíquicas e sociais", afirma Manoel Jacobsen, chefe do grupo de dor do Hospital das Clínicas da USP.
O índice obtido, de 28,7%, é semelhante ao de alguns países europeus e foi considerado alto pela enfermeira Karine Leão, também do grupo de dor do HC e uma das autoras do trabalho. "A dor crônica é um grande motivo para faltas e aposentadorias no trabalho, e os sistemas de saúde têm um gasto muito alto em remédios contra a dor."
Para ela, o fato de haver em São Paulo moradores originários de todo o país faz com que o levantamento reflita a realidade nacional sobre o tema.
Entre as condições associadas à dor, os problemas na coluna ficaram em primeiro lugar, seguidos por dores de cabeça e ansiedade. As mulheres foram as mais afetadas -ainda não se sabe claramente o que leva a isso, mas fatores hormonais podem estar envolvidos.
A sobrecarga gerada pelo excesso de peso e o sedentarismo ajudam a explicar o motivo pelo qual os obesos tiveram dor crônica com mais frequência, e os hábitos de vida prejudiciais, que incluem estresse, o porquê de 20% dos adultos jovens se queixarem do problema.
Os índices de automedicação (15,5%) e de pessoas que não fazem tratamento (32,9%) foram considerados preocupantes pelos autores da pesquisa.


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