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Mães não sabem alimentar seus bebês
Maioria amamenta pouco, dá leite de vaca a menores de um ano e não sabe preparar as fórmulas infantis
Pesquisa da Unifesp mostra alto consumo de comida industrializada por bebês, o que eleva o risco de obesidade
GABRIELA CUPANI
DE SÃO PAULO
A maioria das mães não
sabe alimentar seus bebês, o
que aumenta o risco de carências nutricionais e de
doenças crônicas no futuro.
A conclusão é de uma pesquisa feita pela Universidade
Federal de São Paulo.
O estudo avaliou quase
200 bebês de todas as classes
sociais, com idades entre
quatro e 12 meses. Deles, metade já não recebia aleitamento materno exclusivo.
A idade média de introdução da mamadeira foi três
meses. Recomenda-se o aleitamento materno exclusivo
até os seis meses de vida.
Outro problema apontado
pelo estudo é o alto consumo
de leite de vaca integral, contraindicado antes de a criança completar um ano.
Além de não possuir a
quantidade necessária de
nutrientes essenciais ao bebê, o leite de vaca expõe a
criança ao risco de alergias.
Para piorar, muitas mães adicionam açúcar, achocolatados e cereais à bebida.
O leite de vaca também facilita o aparecimento da anemia, por sua baixa quantidade de ferro em relação ao leite
materno, o que leva a comprometimentos cognitivos e
emocionais da criança.
Dos bebês avaliados, apenas 12% dos menores de seis
meses e 6% dos maiores recebiam as fórmulas infantis à
base de leite apropriadas para a faixa de idade.
Ainda assim, poucas mulheres sabem prepará-las:
apenas 23% das mães fazem
a diluição correta. Quando a
proporção não está na medida certa, há risco de diarreia,
desidratação e de falta de nutrientes.
"JUNK FOOD"
A pesquisa também revelou que as crianças recebem
muito cedo alimentos inadequados, como doces industrializados, biscoitos recheados e até refrigerantes.
Esses alimentos têm alto
teor de gorduras e açúcares,
o que predispõe à obesidade.
Em contrapartida, recebem
pouca quantidade de frutas,
verduras e legumes.
"Há um descontrole nas
famílias, são pais e mães que
descuidam da própria alimentação", analisa a pediatra e nutróloga Roseli Sarni,
uma das autoras. "Há muita
desinformação."
"É um problema grave e a
realidade provavelmente é
ainda pior", acredita Ary Lopes Cardoso, chefe da unidade de nutrologia do Instituto
da Criança da Faculdade de
Medicina da Universidade de
São Paulo.
Para elaborar o cardápio
dos filhos, a grande maioria
das mães (67,7%) segue sua
própria experiência ou de
sua família. As orientações
passadas pelo pediatra ficam
em segundo plano.
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