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Novo tratamento de anemia rara eleva sobrevida em 90%
Resultado foi atingido com redução das doses do principal remédio usado
DIMITRI DO VALLE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
Uma mudança no protocolo
de tratamento de pessoas com
anemia de Fanconi -doença
genética rara que impede a produção natural de células sanguíneas de defesa- tem aumentado a sobrevida dos pacientes em até 90%.
A incidência no mundo é de
um caso para cada 100 mil nascimentos. A doença começa a
se manifestar nos primeiros
anos de vida e caracteriza-se
por palidez, manchas na pele e
má formação congênita. Geralmente, pessoas que têm a doença desenvolvem câncer.
Os resultados da mudança no
tratamento, proposta pelo médico Ricardo Pasquini, do Hospital de Clínicas da UFPR (Universidade Federal do Paraná)
-uma das referências no transplante de medula óssea na
América Latina-, e pelo norte-americano Rainer Storb, de um
centro hospitalar da Universidade de Seattle, foram apresentados há duas semanas no Congresso Brasileiro de Medula
Óssea, realizado em Curitiba.
No início dos estudos, nos
anos 1980, o índice de sobrevivência era de apenas 30%. O conhecimento escasso sobre o desenvolvimento da doença era o
principal entrave.
Os médicos optavam por um
processo quimioterápico comum, mas a maior parte dos
pacientes não resistia aos efeitos do tratamento, com altas
doses de medicamento.
"A sensibilidade do paciente
à quimioterapia convencional
era muito alta. Partiu-se então
para a redução das doses", diz
Carmem Bonfim, coordenadora de transplantes pediátricos
de medula óssea do Hospital de
Clínicas da UFPR.
Os médicos constataram que
a redução em cerca de um quarto do principal remédio usado
no tratamento (a ciclofosfamida) foi a responsável por aumentar as chances de sobrevida durante e após a quimioterapia. A aplicação do medicamento passou de 200 miligramas
por quilo de peso para 60 miligramas por quilo.
Com resultados positivos na
quimioterapia, os pacientes
passaram a ter melhores condições de saúde para enfrentar a
fase seguinte do tratamento: o
transplante de medula óssea.
A medula fabrica as células
sanguíneas de defesa do organismo, como glóbulos vermelhos e brancos e plaquetas.
O HC tem, atualmente, 180
pessoas em acompanhamento.
Segundo o Inca (Instituto Nacional de Câncer), a maior parte dos pacientes do país com a
doença é tratada no local.
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