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Cirurgia de catarata fica mais precisa
Novo sistema usa laser ultrarrápido e imagem tridimensional para aumentar segurança do procedimento
Aparelho faz corte limpo da parte do cristalino afetada pela catarata, sem danificar os tecidos em volta
RICARDO BONALUME NETO
DE SÃO PAULO
Pesquisadores nos EUA
desenvolveram uma maneira
mais rápida e limpa para remover a catarata combinando a precisão do corte a laser
com uma nova técnica de
imagem tridimensional.
Ao contrário de lasers convencionais, que derretem e
fervem o alvo, foram usados
lasers de femtossegundo,
que operam em pulsos breves de alta energia de luz
-de um milionésimo de um
bilionésimo de segundo-
que transformam o alvo em
plasma sem danificar os tecidos em volta.
Associado com a técnica
chamada tomografia de coerência óptica, o resultado foi
a produção de incisões doze
vezes mais precisas do que
pela cirurgia tradicional.
Foram feitas 29 cirurgias
de catarata pelo novo método e comparadas a 30 outras
feitas manualmente.
A catarata, uma opacidade
da lente do olho, o cristalino,
é um dos problemas óticos
mais comuns. Ela surge com
o envelhecimento ou graças
a doenças, como o diabetes.
"Cerca de um terço das
pessoas no mundo desenvolvido vai fazer a operação em
algum momento da vida",
escreveram os autores do estudo no artigo demonstrando a técnica, publicado na revista médica "Science Translational Medicine".
A técnica de imagem tem
por base as variações de reflexão da luz nos diferentes
tipos de tecidos vivos. Uma
parte da luz refletida pelo
olho pode ser recriada em
uma imagem tridimensional
do tecido, mostrando exatamente os limites do círculo
formado pela catarata que
devem ser cortados.
O estudo foi feito com um
equipamento desenvolvido
pela empresa OptiMedica
chamado Sistema de Laser
de Precisão Catalys, conjuntamente com pesquisadores
universitários.
"O sistema simplifica muito a cirurgia de catarata, eliminando a questão da habilidade cirúrgica", disse à Folha o líder do estudo, Daniel
Palanker, da Universidade
Stanford, Califórnia.
O físico explica que o sistema faz uma imagem tridimensional do olho e alinha
os padrões de corte com o tecido, que irá produzir uma
capsulotomia -incisão circular no cristalino- no tamanho e local desejados, e
cortar segmentos da lente
em pequenos pedaços antes
de sua remoção.
"Isso faz com que o trabalho do cirurgião seja muito
mais fácil; ele só precisa remover os pedaços e implantar a lente artificial intraocular", continua Palanker.
Depois de fragmentado, o
cristalino é aspirado, um
processo chamado facoemulsificação, que envolve o
uso de ultrassom; a equipe
demonstrou que a nova técnica permite reduzir em 40%
a energia do ultrassom.
"O laser facilita a operação tornando-a mais segura
e mais reprodutível. O aprendizado real de como operar
com o laser é mais fácil do
que aprender a executar as
etapas cirúrgicas que o laser
automatizou", disse à Folha
um dos cirurgiões da equipe,
Neil Friedman, também de
Stanford, e um dos 16 coautores do artigo científico.
A OpticaMedica, empresa
baseada em Santa Clara, Califórnia, foi quem financiou o
estudo. Palanker e mais seis
coautores têm participações
no capital da empresa, enquanto sete coautores são
funcionários da empresa.
"A OptiMedica espera lançar o sistema Catalys nos
EUA e nos mercados internacionais em 2011", disse a porta-voz da empresa, Laura Nobles, que não quis falar quanto a operação vai custar.
O mercado é enorme: a catarata é a cirurgia mais realizada nos EUA, em média 1,5
milhão anualmente.
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