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Em SP, cresce internação de bebê por doença respiratória
Hospitalizações por bronquiolite aumentaram 70% no Estado em dez anos
A infecção é mais comum no
período de abril a agosto;
entrada precoce na escola e
exposição à fumaça são
algumas causas possíveis
GABRIELA CUPANI
RACHEL BOTELHO
DA REPORTAGEM LOCAL
O número de hospitalizações
por bronquiolite cresceu 70%
em São Paulo em dez anos. Trata-se de infecção respiratória,
que pode ser mais grave entre
bebês com menos de dois anos.
Segundo levantamento feito
pelo Hospital Universitário da
USP, no mesmo período o aumento das internações no Brasil foi de cerca de 40%. O estudo
utilizou dados do Datasus de
1998 a 2007.
O agravamento da infecção
vem sendo observado no cenário mundial. Nos EUA, os índices de internação dobraram em
duas décadas. No Reino Unido,
triplicaram em 25 anos.
"Não é o vírus que está mais
agressivo. O quadro de infecção
é que está mais grave", diz Sandra Vieira, uma das autoras da
pesquisa, professora do departamento de pediatria da Faculdade de Medicina da USP.
Os especialistas apontam o
estilo de vida, com maior exposição ao cigarro e à poluição, e o
aprimoramento do diagnóstico
como possíveis fatores para o
aumento do número de internações. Outro motivo seria a
maior sobrevida de prematuros
e de crianças com doenças crônicas. "Nenhum deles explica
sozinho esse crescimento", diz.
Segundo Vieira, estudos internacionais já mediram o impacto de cada um desses fatores e,
isolados, eles só explicam uma
parte do fenômeno. "Além disso, trata-se de uma tendência
contínua", afirma.
A pneumologista pediátrica
Marina Buarque de Almeida,
diretora da Sociedade Paulista
de Pneumologia e Tisiologia,
concorda. "É uma doença multifatorial. Se a criança foi gerada por uma mãe fumante, ela
nasce com as vias aéreas mais
estreitas. Uma inflamação como a bronquiolite causa dano
maior porque os "caninhos" que
levam o ar ao pulmão já são
mais estreitos", diz.
Principal causa
A pneumologista também
aponta a poluição e a exposição
ao vírus nas escolas, que as
crianças frequentam cada vez
mais cedo, como outros fatores.
"Quanto menor a criança, mais
grave a bronquiolite."
O principal agente causador
da bronquiolite, doença que
mais provoca internações de
bebês com menos de um ano, é
o VSR (vírus sincicial respiratório). Prematuros e crianças
com doenças crônicas, como
cardiopatias, apresentam quadros mais graves. Acima dos
dois anos, a doença costuma se
manifestar como um resfriado.
"As infecções por VSR ocorrem com maior frequência no
outono e no inverno. Hoje, há
sete ou oito crianças hospitalizadas por dia no Hospital Universitário e isso deve aumentar
nas próximas semanas, porque
o pico da estação ocorre em
maio e junho", diz Vieira.
No caso dos bebês pequenos,
pode ser difícil para a mãe identificar os sintomas. "Se ela nota
dificuldades na mamada e o bebê para várias vezes para respirar, pode ser indicativo da
doença", ensina Almeida.
Quando a doença atinge bebês de dois ou três meses, ainda
que a criança seja saudável, a
infecção pode ser grave ou até
mesmo fatal. "Tenho visto mais
sequelas e em crianças muito
novas", diz Almeida.
O mais comum são sequelas
transitórias, como chiado, mas
alguns estudos mostram que,
dependendo da predisposição
da criança, pode haver maior
risco de asma tanto na adolescência quanto na vida adulta.
Ainda não há vacina contra o
VSR. Crianças de maior risco,
como as prematuras nascidas
antes da 28ª semana, podem fazer um tratamento com anticorpo monoclonal, um medicamento que inibe o vírus, fornecido pelo SUS.
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