São Paulo, segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

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EUA questionam segurança de medicamento contra diabetes

Para funcionários da FDA, Avandia traz riscos cardíacos e deveria ser banido

EDITORA-ASSISTENTE DO EQUILÍBRIO

Dois funcionários da FDA (agência que regula medicamentos e alimentos nos EUA) lançaram um alerta recomendando que o remédio Avandia, usado para diabetes tipo 2, seja retirado do mercado.
Eles dizem que o medicamento, cuja substância ativa é a rosiglitazona, é mais perigoso para o coração do que seu concorrente da mesma classe, o Actos (pioglitazona).
Segundo o relatório, divulgado pelo jornal "New York Times", o remédio provocou 500 ataques cardíacos e 300 casos de insuficiência cardíaca desnecessários por mês. O medicamento foi associado, por exemplo, a 304 mortes no terceiro trimestre de 2009.
Tanto o Avandia quanto o Actos são comercializados no Brasil. Em 2007, um estudo com 15.560 pacientes já havia sugerido que o primeiro pode causar problemas cardíacos.
Agora, dois senadores dos EUA dizem ter evidências de que a fabricante, a GlaxoSmithKline, sabia dos riscos do remédio anos antes de esse assunto vir à tona e falhou em não avisar sobre o problema. "Os executivos da Glaxo intimidaram médicos e focaram em estratégias para minimizar os achados de que o Avandia pode aumentar o risco cardíaco", dizem.
A Glaxo negou as acusações e afirmou que "as evidências científicas simplesmente não estabelecem que o Avandia aumenta os riscos de problemas cardiovasculares".
A FDA afirma que vai pedir que os riscos do medicamento sejam novamente discutidos. As vendas do remédio atingiram os US$ 3 bilhões em 2006, mas caíram para US$ 1,2 bilhões em 2009.

Brasil
No Brasil, o Avandia não é distribuído pelo SUS e é considerado um remédio caro, mas é "prescrito com frequência", segundo o endocrinologista Antonio Roberto Chacra, diretor do centro de diabetes da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). Uma caixa com 28 comprimidos na dosagem mais baixa custa cerca de R$ 200.
Ele diz que o remédio é muito eficaz contra o diabetes, principalmente para pacientes com sobrepeso e sedentários, mas que, quando sua segurança começou a ser questionada, muitos médicos deixaram de receitá-lo para pacientes com alto risco cardíaco. "Mas ainda há médicos desavisados que o prescrevem nesses casos."
Chacra considera os relatórios importantes, mas lembra que nem a Anvisa nem a FDA têm conclusões definitivas sobre o remédio. "Médicos e pacientes brasileiros devem aguardar um posicionamento oficial antes de tomar qualquer medida." (FM)

Com agências internacionais



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