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Teste de diabetes indica risco de derrame
Exame da hemoglobina glicada é usado para identificar o prognóstico e o controle da glicemia em pacientes diabéticos
Excesso de açúcar no sangue pode lesionar parede dos vasos e facilitar a formação de placas de aterosclerose, causando infarto e derrame
GABRIELA CUPANI
DA REPORTAGEM LOCAL
A dosagem da hemoglobina
glicada, um exame muito usado
para avaliar o controle da glicemia em pacientes diabéticos,
pode ajudar a predizer não só o
risco de diabetes mas também
as chances de derrame, doenças cardiovasculares e mortalidade em geral.
Isso é que sugere um estudo
da Johns Hopkins Bloomberg
School of Public Health, publicado no "New England Journal
of Medicine", feito com mais de
11 mil americanos sem histórico de diabetes ou de doença
cardíaca. As amostras foram
coletadas entre 1990 e 1992 e os
voluntários foram acompanhados por 15 anos.
O teste da hemoglobina glicada -também conhecida como A1c- mede o nível de glicose depositado nos glóbulos vermelhos do sangue nos últimos
três meses. Quanto maior a
concentração de açúcar em circulação, maior a quantidade
nessas células.
Segundo especialistas, os níveis da A1c não são afetados por
fatores como estresse ou doenças, como ocorre com a glicemia de jejum -o exame padrão
utilizado atualmente para diagnosticar diabetes.
"A glicemia de jejum apenas
mostra os níveis de glicemia do
dia anterior e, portanto, pode
dar uma falsa noção do estilo de
vida da pessoa. Já a hemoglobina glicada tem um papel prognóstico. Altos níveis dela significam que a pessoa não está
conseguindo controlar bem a
glicemia", explica o cardiologista Carlos Vicente Serrano, do
Instituto do Coração.
Glicemia e risco cardíaco
"Taxas elevadas de hemoglobina glicada sinalizam picos de
glicemia, que aumentam o risco
cardiovascular", explica o endocrinologista Daniel Lerario,
do hospital Albert Einstein.
Sabe-se que o excesso de açúcar no sangue pode provocar lesões na parede dos vasos que facilitam a formação de placas de
aterosclerose, capazes de causar infartos e derrames. "Em
não diabéticos, altos níveis de
hemoglobina glicada significam que a pessoa tem alterações metabólicas", diz Serrano.
No estudo americano, o aumento nos níveis da A1c foi associado com maior risco de diabetes, doença cardiovascular e
mortalidade em geral. Segundo
o artigo, taxas de hemoglobina
glicada entre 5% e 5,5% foram
consideradas normais. O aumento a partir disso eleva o risco de diabetes, e taxas acima de
6,5% sinalizam a doença.
Os resultados da pesquisa
aparecem pouco tempo após a
publicação das novas recomendações da Associação Americana de Diabetes, feitas em janeiro, que incluem, pela primeira
vez a recomendação do teste de
A1c para diagnóstico do diabetes e para identificar pessoas
com risco de desenvolver a
doença no futuro.
"Há uma tendência a usar a
hemoglobina glicada de forma
mais abrangente do que atualmente", diz Lerario. "Os resultados podem levar a mudanças
de conduta", acredita Serrano.
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