São Paulo, sábado, 22 de novembro de 2008

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Hipertensão cresce 18% em uma década nos EUA

Sedentarismo, histórico familiar e excesso de sal estão entre os desencadeantes

Mulheres com mais de 40 são as mais afetadas; não há estatística sobre o tema no Brasil, mas médicos notam aumento no mesmo grupo

FERNANDA BASSETTE
RACHEL BOTELHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os casos de hipertensão arterial nos Estados Unidos cresceram 18% em uma década, especialmente entre mulheres com mais de 40 anos, segundo levantamento realizado pelo Instituto Nacional do Coração, Pulmão e Sangue dos EUA. As principais hipóteses apresentadas para justificar o aumento dos casos são as taxas crescentes de obesidade, o sedentarismo e os maus hábitos alimentares da população.
"Entre os homens brancos, o aumento da obesidade responde por cerca de 80% do crescimento das taxas de hipertensão no período estudado", afirmou Paul Sorlie, um dos autores do estudo, em entrevista à Folha.
Mas, entre as mulheres, esse fator parece ser menos preponderante. "Há evidências de que elas podem ser mais sensíveis aos efeitos do sal na pressão sangüínea", disse.
Segundo a cardiologista Fernanda Consolim, médica-assistente da Unidade de Hipertensão do InCor (Instituto do Coração da USP), as mulheres brasileiras também estão mais hipertensas. Para ela, um dos fatores que podem explicar essa tendência é o aumento do peso. "No Brasil não existem dados recentes, mas está comprovado que há um aumento da obesidade entre as mulheres. E há uma associação clara entre obesidade e hipertensão arterial", disse a médica.
A afirmação é confirmada pelo cardiologista Hilton Chaves, membro da diretoria da SBH (Sociedade Brasileira de Hipertensão). Ele afirmou também que o salto no número de estabelecimentos de fast-food nos EUA -de 34 mil, em 1971, para 222 mil, em 2002- ajuda a explicar o aumento. "Além de calorias em excesso, que levam à obesidade, há enorme quantidade de sal nesse tipo de comida", disse.
Em casos de hipertensão leve, é possível reverter o problema com mudanças no estilo de vida. "Mas, no caso de uma hipertensão moderada ou alta, o tratamento é medicamentoso, e essas mudanças de hábito devem acontecer obrigatoriamente", disse Consolim.
Se não for tratada adequadamente, a hipertensão pode evoluir para a aterosclerose (placas de gordura) e danificar os vasos sangüíneos de todo o corpo. Entre as possíveis conseqüências, estão o infarto, o AVC (acidente vascular cerebral), a insuficiência renal e a insuficiência cardíaca.
De acordo com a cardiologista, por ser considerada uma doença crônica e silenciosa, a única forma de chegar ao diagnóstico precoce é acompanhando os valores da pressão arterial constantemente. "Não existe outra forma. A população precisa se conscientizar de que a doença é silenciosa e não apresenta sintomas.
Quanto mais rápido for feito o diagnóstico, maior a chance de evitar as lesões nos vasos."

"Bem temperadinha"
A dona-de-casa Rosimeire Alberine Figueiredo, 48, não fuma, não bebe e não é obesa, mas sempre gostou de uma comida "bem temperadinha". Ela tem a mãe hipertensa e nunca imaginou que o fator hereditário aliado à alimentação com excesso de sal pudesse resultar em pressão alta.
"Sempre tive pressão arterial normal, na média de 12 por 8. Depois dos 40 anos de idade, comecei a sentir muita dor de cabeça, cansaço e mal-estar. Procurei o médico e descobri que minha pressão estava 17 por 10 e que tinha "virado" hipertensa", contou.
A rotina alimentar de Rosimeire precisou ser adaptada -o tempero agora tem menos sal- e a dona-de-casa terá de tomar remédio por toda a vida para controlar a pressão. "Tomo dois comprimidos por dia, além de um diurético. Toda semana eu vou ao posto de saúde para controlar a pressão. Mudei um pouco minha rotina, mas estou acostumada e totalmente adaptada. Tenho uma vida normal", disse.


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