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FDA aprova aparelho de depilação a laser portátil
No Brasil há ao menos três aparelhos à venda sem ter autorização da Anvisa
Apesar de prometer fazer uma depilação definitiva, a potência do laser é baixa e dificilmente será capaz de destruir a raiz dos pelos
JULLIANE SILVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A FDA (órgão americano que
regula alimentos e fármacos)
aprovou recentemente a comercialização nos EUA de um
aparelho portátil para depilação a laser, que pode ser usado
em casa. A oferta de produtos
no país e em outras partes do
mundo, no entanto, é maior.
Nos EUA, os preços variam de
US$ 200 a US$ 1.300.
No Brasil, é possível adquirir
aparelhos para uso doméstico
em sites de venda na internet
ou por telefone -alguns sites
trazem depoimentos e recomendações de pessoas que já
usaram os produtos. A reportagem da Folha apurou que existem ao menos três equipamentos à venda no país sem registro na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
Apesar da promessa de uma
depilação definitiva, a potência
do laser desses produtos é baixa e, por isso, dificilmente será
capaz de destruir a raiz dos pelos para sempre e impedi-los
de voltar a crescer. Há riscos,
inclusive, de efeito contrário: o
calor transmitido por esses
equipamentos pode estimular
a multiplicação celular e tornar
os fios mais grossos.
O usuário pode ainda sofrer
queimaduras na pele, caso o
produto esteja desregulado ou
a pessoa não tenha o perfil adequado para a aplicação da técnica. Há contraindicações para
pessoas com pele bronzeada ou
naturalmente escura, de pelo
muito claro, que aplicam ácidos na pele ou fizeram peeling
recentemente e que utilizam
medicamentos fotossensibilizantes, como alguns antibióticos e anti-inflamatórios.
Em clínicas
Esses riscos e ressalvas também existem na depilação a laser convencional. A técnica se
tornou bastante popular nos
últimos anos e é segura quando
executada por um especialista,
mas vários centros realizam o
procedimento sem estrutura
adequada. "Há equipamentos
baratos que chegam da China e
que são comprados por salões
de cabeleireiros. Algumas clínicas usam equipamentos alugados e eles acabam sem manutenção regular", alerta a dermatologista Valéria Campos,
especialista do Departamento
de Laser da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
Os riscos de se submeter ao
aparelho desregulado vão desde uma depilação incompleta,
que torna os pelos finos a ponto
de impedir a retirada total em
um outro procedimento, a
queimaduras e superestimulação do crescimento dos fios.
Foi o que ocorreu com a fisioterapeuta Laura Ferreira de
Rezende Franco, 30, que procurou uma clínica de estética
para retirar pelos do buço. Na
segunda sessão, além do buço,
recebeu aplicação de laser também em pelos finos das bochechas e sofreu queimaduras sobre a boca e na lateral do rosto.
As feridas cicatrizaram e não
deixaram manchas, mas Laura
ficou com um problema permanente: os pelos do rosto aumentaram de espessura, como
se fossem barba.
A insatisfação com o resultado geralmente se deve a má informação e indicação. "Infelizmente existe muita aplicação
de laser por não médicos, em
empresas de estética. Às vezes
o médico está presente, mas
não o tempo todo. O que vejo
mais em consultórios são manchas no rosto, na perna, algumas lesões de queimadura e
muita gente insatisfeita com o
mau resultado", afirma Eliandre Palermo, diretora da Sociedade Brasileira de Cirurgia
Dermatológica.
Para a especialista, o técnico
geralmente é capaz de operar a
máquina, mas não consegue fazer a indicação correta. Além
disso, a intensidade do laser pode variar com o passar das sessões, já que as características
do pelo mudam. "O tipo de laser usado influencia muito. São
vários parâmetros que devem
ser ajustados [para a depilação
ser eficaz], é quase uma receita
de remédio. É nessa hora que os
problemas podem aparecer."
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