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EUA alertam sobre mau uso do sling
Comissão registrou 14 mortes relacionadas ao acessório para carregar bebês, 12 envolvendo menores de quatro meses
Pano pode gerar sufocação; problema é maior para menores de quatro meses, bebês com baixo peso ou com doenças respiratórias
Rodrigo Capote/Folha Imagem
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Tatiana Tardioli, 33, que carrega a filha, Nina Ferri, de dois anos, no sling desde
a 1ª semana de vida
CRISTINA FIBE
DE NOVA YORK
GABRIELA CUPANI
DA REPORTAGEM LOCAL
Eles são populares e estão na
moda, com o aval das celebridades hollywoodianas. Mas, dependendo da forma como são
usados, os slings, feitos para
carregar o bebê "amarrado" ao
corpo da mãe, podem ser perigosos e até matar a criança.
O aviso foi divulgado no último dia 12 por uma comissão do
governo americano (Consumer
Product Safety Commission) e
causou polêmica na internet,
entre mães e médicos favoráveis ao contato próximo com o
bebê e órgãos contrários à comercialização do produto.
Segundo o alerta americano,
os pais e responsáveis devem
tomar especial cuidado ao carregar bebês com menos de quatro meses nos slings, que podem causar sufocamento.
A comissão diz ter identificado 14 mortes, nas últimas duas
décadas, associadas ao produto
-três delas aconteceram em
2009 e 12 envolveram menores
de quatro meses.
No Brasil, não há registro de
ocorrências desse tipo, segundo o Ministério da Saúde.
"Nos primeiros meses, os bebês não controlam a cabeça pela fraqueza dos músculos do
pescoço. O tecido pode apertar
o nariz ou a boca do bebê, bloqueando sua respiração e sufocando-o em um minuto ou dois.
O sling mantém a criança em
uma posição curva, dobrando o
queixo em direção ao peito, e as
vias aéreas podem ficar comprometidas. O bebê não conseguirá chorar por socorro", diz o
alerta americano.
Brasil
Não há regulamentação para
o acessório no Brasil, de acordo
com o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normatização e Qualidade Industrial).
Para Renata Waksman, presidente do Departamento de
Segurança da Criança e do Adolescente da Sociedade Brasileira de Pediatria, além do risco de
asfixia e sufocação, há risco de
fraturas e quedas quando o
sling é mal utilizado. "Mas, bem
utilizado, é bom, pois permite
mais aconchego e libera a mãe
para algumas tarefas", diz ela.
Segundo Waksman, devem
ser observados alguns cuidados: escolher um produto com
tecido macio e confortável, porém resistente, com largura suficiente para acomodar o bebê e
laterais elevadas. Bebês com
menos de um mês não devem
ser transportados no sling, e os
pais devem perceber se a criança está grande ou ativa demais
para usar o produto.
A agência americana pediu
cuidado extra aos pais de crianças prematuras, com peso baixo ou problemas respiratórios e
recomendou que a cabeça do
bebê fique sempre visível.
O governo canadense endossou as preocupações dos EUA e
divulgou comunicado em que
recomenda ainda cuidado para
que o bebê não vá ao chão pelos
buracos do sling ou quando
quem o carrega tropeça ou cai.
A associação americana de
fabricantes de produtos juvenis
foi mais uma a apoiar as preocupações do governo, em comunicado da semana passada.
A associação (JPMA) não reconhece slings e certifica apenas os "soft infant carriers", espécie de mochila em que o bebê
fica sentado e ligado à mãe por
duas alças. O órgão não vetou o
uso do produto, mas repetiu as
recomendações do governo.
Para o médico Mike Gittleman, membro da Injury Free
Coalition, programa de prevenção ligado à Universidade Columbia, os slings "são ótimos,
permitem ao bebê se sentir
mais perto da mãe, ouvir o seu
coração". "No mundo da prevenção, não dá para dizer "livre-se de tudo, isso é ruim". Em geral, o sling é bom", diz.
Para ele, o importante é que a
família se certifique de que a
criança não faz parte do grupo
de risco -bebês prematuros,
com peso baixo ou problemas
respiratórios.
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