São Paulo, sábado, 24 de abril de 2010

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Falta opção de remédio para pacientes com artrite reumatoide

Lista de drogas custeadas pelo governo deixa de fora medicamentos para a versão mais resistente da doença; tratamento chega a custar R$ 5.000 ao mês

DA REPORTAGEM LOCAL

Uma parcela dos pacientes com artrite reumatoide não responde ao tratamento com os medicamentos que constam da lista de drogas custeadas pelo Ministério da Saúde. Para quem tem formas mais resistentes da doença, não há opção de remédio subsidiado -o tratamento pode chegar a R$ 5.000 por mês.
A artrite reumatoide é uma doença autoimune que ataca as articulações, causando inflamação, problemas ósseos e, se não controlada, deformidades e incapacitação. Não tem cura, mas, se tratada na fase inicial, pode ser controlada. Estima-se que cerca de 2 milhões de brasileiros tenham o problema.
Os pacientes iniciam o tratamento com drogas mais baratas, disponíveis pelo SUS, com custo médio de R$ 30 por mês.
Entre eles, 30% não respondem ao tratamento e precisam usar remédios mais específicos, também oferecidos pelo governo. São drogas que bloqueiam a TNF, uma das substâncias produzidas pelo sistema imunológico que causa a doença. O custo do tratamento por mês varia de R$ 3.000 a R$ 5.000. Porém, também essas drogas não surtem efeito em cerca de 20% desses pacientes.
"A artrite reumatoide também é desencadeada por outras substâncias, e há remédios já aprovados pela Anvisa para tratar os doentes resistentes. Houve tentativas de incluí-los na lista do SUS, mas o impacto foi pequeno", alerta o reumatologista Morton Scheinberg, diretor científico do Hospital Abreu Sodré, em São Paulo.
Reumatologistas defendem que outros três remédios (abatacepte, rituximabe e tocilizumabe), que atuam em outras substâncias liberadas pelo sistema imune, sejam incluídos na lista. Essa drogas têm preço semelhante aos dos anti-TNF.
"É uma preocupação da classe saber como tratar esses pacientes, já que não temos opção de obter drogas alternativas", lamenta Ivânio Alves Pereira, presidente da Comissão de Artrite Reumatoide da Sociedade Brasileira de Reumatologia.
Hoje, pacientes conseguem os remédios por via judicial. "O paciente perde tempo, e o país, dinheiro, pois as decisões têm sido favoráveis aos pacientes. O preço da conta é muito maior do que seria se os remédios estivessem na lista do SUS", acrescenta Pereira.
O Ministério da Saúde afirmou em nota que trabalha na revisão do protocolo clínico da doença para atualizar as linhas terapêuticas caso entenda que há indicação técnico-científica para isso. Não há previsão para publicação dos resultados.


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