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EUA ampliam indicações para parto normal
Pelas novas orientações, mulher pode dar à luz por via vaginal mesmo após cesáreas
JULLIANE SILVEIRA
DE SÃO PAULO
A Associação Americana
de Ginecologia e Obstetrícia
publicou nesta semana novas orientações para ampliar
a prática do parto normal.
Para os autores, as mães
podem ter seus filhos naturalmente mesmo que já tenham se submetido a até
duas cesarianas. A recomendação anterior dizia que,
após uma cesárea, os partos
seguintes deveriam ser realizados da mesma forma.
Grávidas de gêmeos com
cesárea anterior também podem dar à luz por via vaginal,
segundo o texto, desde que
os bebês estejam em posição
favorável. Isso é pouco praticado nos EUA e no Brasil.
Com as recomendações
oficiais, especialistas americanos pretendem reduzir o
número de cesáreas realizadas no país, que chega a um
terço dos partos.
Médicos evitam tentar parto normal após cesáreas por
causa do receio de um rompimento do útero durante o trabalho de parto. Mas o risco de
complicações é menor do
que 1%, segundo o artigo da
associação, publicado na
edição de agosto da "Obstetrics and Gynecology".
Já as cesáreas repetidas
podem causar problemas
mais sérios. Os países que tiveram aumento muito grande no número de partos cirúrgicos, caso dos EUA e do
Brasil, apresentam mais
complicações como implantação baixa da placenta, em
uma região mais fina do útero, que pode causar hemorragias na hora do parto.
No Brasil, a tentativa de
parto normal é permitida
quando a mulher passou por
apenas uma cesariana. No
caso de duas ou mais cicatrizes no útero (causadas por
cesárea ou outra operação),
indica-se uma nova cirurgia.
"Essa é a recomendação
oficial do Ministério da Saúde e da federação. Mas a
grande maioria das mães que
tiveram o primeiro parto por
cesárea terá o segundo da
mesma forma", diz José Guilherme Cecatti, vice-presidente da comissão nacional
de assistência ao parto e
puerpério da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia.
Segundo Cecatti, somente
hospitais públicos e universitários seguem essa orientação. "Em instituições particulares e conveniadas, o índice é zero."
Por aqui, não é recomendada a tentativa de parto normal após duas cesáreas por
problemas de estrutura no
sistema de saúde. "Nem todas as mulheres podem ter
um acompanhamento detalhado na hora do parto."
Em 2008, 84,5% dos partos cobertos por planos de
saúde foram cesarianos no
Brasil. No SUS, as taxas chegaram a 31%. A Organização
Mundial da Saúde considera
aceitável uma taxa de até
15% de cesáreas em um país.
Na maioria dos casos, o
parto cirúrgico foi realizado
sem necessidade, por comodidade da mãe, que teme um
parto doloroso, e do médico.
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