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Técnica faz cortes a laser em cirurgias refrativas
Método torna operações da visão mais seguras e reduz tempo de recuperação
Procedimento pode ser usado ainda em transplante e em implante de anel em pessoas com ceratocone, um problema na córnea
FLÁVIA MANTOVANI
EDITORA-ASSISTENTE DO EQUILÍBRIO
Centros médicos brasileiros
começam a oferecer uma nova
tecnologia que torna mais seguras cirurgias oftalmológicas
como a refrativa, para a correção de miopia, astigmatismo e
hipermetropia. Trata-se de um
aparelho que permite fazer cortes a laser -o que torna essa cirurgia um procedimento totalmente a laser, do início ao fim.
Normalmente, os cortes são
feitos mecanicamente, com um
aparelho chamado microcerátomo. Com a nova tecnologia, o
laser transforma uma camada
de tecido corneano em vapor
d'água, o que permite levantar
uma lâmina da córnea para depois fazer a correção do grau.
Chamado Intralase, o método pode ser usado ainda em
transplantes de córnea e no implante de anéis intracorneanos
em quem tem ceratocone, problema nessa parte do olho.
"O corte é perfeito e a precisão, muito maior. Antes, dependíamos muito da habilidade do cirurgião", diz Leon Grupenmacher, coordenador de
implantes corneanos do Hospital Oftalmológico de Sorocaba,
a primeira instituição a usar a
técnica na América Latina, em
setembro de 2006.
Com o Intralase, o corte fica
mais fino e com a espessura
uniforme. Assim, mais pessoas
passam a ser candidatas à cirurgia refrativa -com o método tradicional, se a espessura
da córnea do paciente for muito fina e dependendo do grau a
ser corrigido, ele não tem indicação de operar, por causa da
espessura do corte.
A chance de erro também diminui, o que é significativo,
pois grande parte das complicações nas cirurgias refrativas
decorre do corte. De acordo
com Grupenmacher, por causa
desses erros, o paciente pode
ter deformidades na córnea e
voltar a usar lentes de contato,
já que o grau pode até piorar.
"A chance de complicações
[com o método convencional] é
muito pequena, mas, como é
feita uma quantidade enorme
de cirurgias refrativas no país, é
fundamental termos mais segurança", afirma.
No caso do transplante de
córnea, o número de pontos cai,
com o novo método, de 24 a 32
para 8 a 12. A recuperação, que
normalmente pode chegar a
um ano e meio, passa a ser de
seis meses. Para quem recebe o
anel intracorneano, a redução é
de 90 para 30 dias.
Segundo Mauro Campos,
professor da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo),
com o novo método a variabilidade no corte foi reduzida de
30% para menos de 1%. A Cerpo, clínica da qual é sócio-diretor, foi a segunda do país a oferecer o Intralase, instalado no
fim do ano passado.
Ele diz que isso é especialmente importante no caso de
pacientes de maior risco, para
os quais é necessário que o corte tenha um profundidade exata. "Você não consegue isso
com o aparelho manual. E,
mesmo no caso daqueles pacientes que não têm tanta restrição, se o corte for muito profundo pode produzir um enfraquecimento da córnea. Com o
laser a chance é menor."
Um levantamento finalizado
recentemente pela Cerpo mostra, ainda, que o aparelho é
mais fácil de usar, o que reduz
as chances de complicação nas
primeiras cirurgias feitas pelo
médico. No caso do aparelho
manual, dos 400 primeiros casos operados, 20 tiveram algum
problema. Com o laser, houve
apenas um problema com os
primeiros 400 pacientes.
No caso do implante de anel,
dos cem primeiros casos, houve
complicações em 2% -com a
técnica manual, o índice é de
14,5%. "A adaptação do médico
à nova técnica é quase imediata", diz Campos.
Ele ressalta, porém, que isso
não quer dizer que a técnica
convencional seja ruim. "Ainda
é a que predomina no mundo
todo. Temos milhares de pessoas operadas com resultados
excelentes. Mas a substituição
pelo laser é questão de tempo."
Preço alto
O aparelho de Intralase custa
em torno de US$ 650 mil -e a
cirurgia refrativa pode valer o
dobro com ele. Para o paciente
do Cerpo, por exemplo, o custo
sobe de R$ 2.500 por olho para
R$ 5.000. Na instituição, 20%
das cirurgias refrativas já são
feitas totalmente a laser.
Há mais de 1.800 aparelhos
no mundo. Nos Estados Unidos, segundo o fabricante, 25%
das cirurgias refrativas são feitas com esse método.
Além dos aparelhos existentes em São Paulo, instituições
em Curitiba, em Brasília e no
Rio de Janeiro estão adquirindo a tecnologia. "Não tem volta.
Quem usa não quer voltar à técnica convencional. É muito superior", diz Grupenmacher.
O hospital Albert Einstein
também já adquiriu o Intralase,
que deve funcionar em três semanas. "É um recurso que vai
melhorar muito a qualidade
das cirurgias refrativas. Ganha-se em previsibilidade e em precisão, com muito menos agressão à córnea", diz o oftalmologista Cláudio Lottenberg, presidente do hospital.
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