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Cirurgia pouco invasiva corrige próstata em idosos
Nova técnica trata problema que afeta metade dos homens com mais de 50
Procedimento, feito sem internação e apenas com anestesia local, foi desenvolvido no Hospital das Clínicas
CLÁUDIA COLLUCCI
DE SÃO PAULO
Há um ano, o aposentado
Claudio Luiz, 66, só urinava
por meio de sonda. Sua próstata tinha aumentado de tamanho e comprimia a uretra.
"Não conseguia mais urinar espontaneamente, tinha
dores horríveis. Fiquei com
sonda por um ano. Só usava
calças largas para disfarçá-la. Foi um pesadelo", diz.
Como 50% dos homens
acima de 50, Luiz tinha hiperplasia prostática benigna: a próstata aumenta, o
que traz dificuldade de urinar. Uma técnica inédita do
Hospital das Clínicas de São
Paulo o livrou do problema.
"Uma semana após a cirurgia eu estava sem sonda e
correndo na praia", comemora Luiz, maratonista.
Chamado de embolização
das artérias da próstata, o
procedimento é feito com
anestesia local e sem internação. De dez pacientes tratados até agora, nove voltaram
a urinar espontaneamente
nos dias seguintes à cirurgia.
O sucesso já aparece em
estudos publicados pela
equipe do HC em periódicos
científicos internacionais.
A embolização é usada há
mais de uma década para tratar miomas uterinos e outros
tumores. Só agora é que se
demonstrou que também pode funcionar na próstata.
PROCEDIMENTO
É simples. Pela virilha é introduzido um cateter que
chega à próstata. Por ele são
injetadas microbolinhas que
fecham parcialmente as artérias da glândula. Sem o sangue que serve de alimento, a
próstata diminui e para de
comprimir a uretra.
Em 2007, o médico Francisco Carnevale, chefe da radiologia intervencionista do
HC, participou de estudos experimentais na Universidade
de Harvard, usando a técnica
em cães-que têm a próstata
parecida com a do homem.
De volta ao Brasil e em
conjunto com o serviço de
urologia do HC, começou o
estudo clínico com pacientes
que tinham o grau máximo
da doença (todos usando
sondas para urinar) e estavam na fila por uma cirurgia.
Hoje, cem pacientes esperam
vaga no hospital para operar.
"Demonstramos a eficácia
e a segurança do tratamento.
Outra vantagem é que o homem preserva a função sexual", diz o médico.
Segundo o urologista do
HC Alberto Antunes, o próximo passo será usar a embolização em quem tem grau moderado do problema (queixa
urinária, mas sem retenção)
e esteja usando remédios.
"Será animador se pudermos evitar que idosos usem
mais um remédio, que pode
ter efeitos colaterais como
fraqueza, tontura e queda de
pressão", explica o médico.
Hoje, pacientes que não
respondem aos medicamentos fazem cirurgia endoscópica, que consiste em passar
um aparelho na uretra para
abrir uma espécie de túnel,
que libera a passagem da urina, explica Miguel Srougi,
professor titular da USP.
"É como se a gente abrisse
um túnel em uma montanha.
Depois de dois meses, o organismo produz um tecido que
reveste esse túnel", afirma o
médico.
A desvantagem da cirurgia
convencional em relação à
embolização é que a primeira
envolve anestesia peridural,
internação e tem mais sangramento. O aparelho também pode ferir o canal da
uretra. A cicatrização pode
estreitar o canal, sendo necessária nova cirurgia.
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