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Uso de luz não aumenta eficácia do clareamento
Pesquisadores compararam o uso do gel clareador com e sem auxílio de luzes
Estudo também concluiu que o calor emitido pela luz é prejudicial para o esmalte dos dentes, deixando-o mais rugoso e menos duro
FERNANDA BASSETTE
DA REPORTAGEM LOCAL
O uso de fontes de luz no processo de clareamento dental
não aumenta a eficácia do procedimento nem melhora o resultado final, aponta estudo feito por pesquisadores noruegueses, publicado no mês passado na revista "Photochemical
e Photobiological Sciences".
Além de comparar os resultados do clareamento, os pesquisadores também avaliaram os
efeitos adversos que a luz provoca nos dentes. Eles constataram que o calor emitido é prejudicial para o esmalte dos dentes, deixando-o mais rugoso e
diminuindo a sua resistência.
Os pesquisadores usaram
dentes humanos recém-extraídos e os dividiram ao meio. Antes de iniciar o procedimento, a
cor dos dentes foi avaliada de
acordo com uma escala.
Em seguida, uma metade do
dente recebeu o gel clareador
com o auxílio de luz e a outra
metade recebeu apenas o produto químico. Foram avaliados
sete géis disponíveis no mercado (desses, ao menos quatro
são usados no Brasil).
Sem diferença
Os resultados do clareamento foram comparados imediatamente e uma semana mais
tarde. Os pesquisadores constataram que não houve diferença de cor no resultado final.
A pesquisa reacende uma
discussão polêmica sobre o real
efeito das luzes, entre elas o laser, no resultado do clareamento. Hoje, o uso do laser é amplamente divulgado como um diferencial a mais no tratamento,
porque, em tese, ele traria resultados melhores.
A questão discutida pela comunidade científica é que o clareamento é proporcionado pelo agente oxidante presente na
composição do gel e não pela
luz. Isso porque o gel, em contato com a saliva, inicia uma
reação química e libera moléculas de oxigênio. São elas que
penetram nos dentes e quebram as moléculas de carbono
(mais escuras), fazendo o dente
ficar mais branco.
"O clareamento dental existe
há 20 anos e há uns dois ou três
anos trabalhos científicos estão
apontando que a luz não significa tudo aquilo que a gente
pensava. Dentro da comunidade científica, a gente sabe que a
luz não traz tantos efeitos, mas
muitos dentistas a usam como
marketing", diz Cláudia Cia
Worschech, diretora-científica
da Sociedade Brasileira de
Odontologia Estética.
Mais sensibilidade
Segundo Worschech, o clareamento dental surgiu nos
EUA, em 1989, para ser usado
com gel de baixa concentração,
em moldeiras, durante algumas
horas por dia. Mas, com o passar do tempo, a composição dos
géis foi ficando mais concentrada, para que a ação fosse
mais rápida, e as fontes de luz
foram associadas, pois elas pareciam estimular ou otimizar a
liberação de oxigênio, tornando o clareamento mais eficaz.
"O problema surgiu porque,
com o aumento da concentração dos géis e o uso de luzes ativadoras, apareceram os primeiros relatos em relação à sensibilidade acentuada dos dentes
durante o procedimento ou logo após", explicou Worschech.
O dentista Luciano Artioli
Moreira, presidente da ABCD
(Associação Brasileira de Cirurgiões Dentistas) não concorda com os resultados da pesquisa. "Se você mudar o gel, o
tempo de aplicação, o tipo de
luz e os parâmetros usados, a
coisa muda de figura", afirma.
Ele diz que o uso correto da
luz, associado à escolha do gel
adequado, pode estimular o
clareamento e tornar o processo mais rápido e mais seguro.
"Quanto menos sessões forem
necessárias para obter o resultado, melhor para o paciente."
Além disso, Moreira diz que o
uso do laser associado à luz de
LED (que é mais fria), proporciona um efeito analgésico e
anti-inflamatório nos dentes,
evitando a hipersensibilidade e
melhorando o procedimento.
Worschech questiona parte
dos resultados. Para ela, ainda
não há comprovação científica
suficiente que mostre que os
dentes ficam mais fracos e sem
resistência após o procedimento. "A gente sabe que há uma alteração da superfície do esmalte do dente, que gera uma hipersensibilidade, mas esse é
um efeito transitório, sem implicações clínicas", afirma.
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