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Atual geração de crianças pode viver menos que seus pais
Afirmação foi feita ontem pela diretora-geral da OMS, em discurso sobre doenças não contagiosas
IARA BIDERMAN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Na abertura da primeira reunião da rede mundial contra as
doenças não contagiosas, Margaret Chan, diretora-geral da
OMS (Organização Mundial da
Saúde), afirmou que a atual geração de crianças pode ser a
primeira, em muito tempo, cuja expectativa de vida é menor
do que a de seus pais.
De acordo com Chan, das 35
milhões de mortes anuais por
doenças não contagiosas, cerca
de 40% são mortes prematuras
causadas por infarto, diabetes e
asma. Ela lembrou que a incidência dessas doenças é cada
vez maior em jovens e crianças
-que atualmente desenvolvem
hipertensão e diabetes, doenças comumente associadas ao
envelhecimento.
"No Brasil, estamos vendo
crianças e adolescentes com hipertensão e diabetes tipo 2, algo que não imaginávamos há
uma ou duas gerações. Esta geração está desenvolvendo mais
fatores de risco, e um dos mais
importantes é o aumento de
obesidade e sobrepeso em
crianças", diz a endocrinologista Claudia Cozer, diretora da
Abeso (Associação Brasileira
para o Estudo da Obesidade e
da Síndrome Metabólica).
"Temos um problema. Um
grande problema que parece
destinado a crescer ainda mais.
As doenças não contagiosas,
por muito tempo consideradas
companheiras próximas das
sociedades ricas, mudaram de
lugar. Doenças cardiovasculares, câncer, diabetes, doenças
respiratórias crônicas e distúrbios mentais agora impõem o
seu alto ônus aos países de renda média e baixa. Doenças antes associadas com abundância
agora estão fortemente concentradas em grupos pobres e
desfavorecidos", afirmou Margaret Chan em seu discurso na
abertura da reunião.
Segundo Cozer, cerca de 24%
das crianças brasileiras estão
acima do peso. A diretora-geral
da OMS também alertou para o
problema, apontando que, no
mundo todo, 43 milhões de
crianças em idade pré-escolar
são obesas ou apresentam sobrepeso. "Pensem no que isso
significa no decorrer da vida
em termos de riscos para sua
saúde e de custos com os cuidados durante toda a vida", disse.
Cozer diz que 80% dos obesos obesidade têm a síndrome
metabólica, conjunto de sintomas que levam ao desenvolvimento de diabetes, hipertensão, colesterol alto etc. "Isso
aumenta diretamente o risco
de infartos, derrames, tromboses e outras doenças cardiovasculares. Além disso, a obesidade está associada ao aumento
do risco para alguns tipos de
câncer, como o de mama e o de
próstata, e de depressão, entre
outros problemas."
Com agências internacionais
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