São Paulo, sábado, 25 de abril de 2009

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Anemia afeta quase 1/3 das mulheres brasileiras

Índice está acima do padrão considerado ideal pela OMS, mas não chega a ser grave

Falta de nutriente também atinge 20% das crianças abaixo de cinco anos; problema causa redução da imunidade a infecções

ANGELA PINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A anemia atinge 29,4% das mulheres brasileiras em idade fértil (15 a 49 anos) e 20,9% das crianças até cinco anos, mostra pesquisa do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento) divulgada ontem, com dados de 2006 e financiamento do Ministério da Saúde. Já a deficiência de vitamina A (hipovitaminose) alcança 12,3% das mulheres e 17,4% das crianças.
A anemia pode provocar desde cansaço e redução da imunidade a infecções até, em casos mais graves, problemas no desenvolvimento das crianças. Já a vitamina A é importante para prevenir doenças relacionadas à visão, como a cegueira.
Nos dois aspectos, o Brasil está situado na classificação de risco "moderada", de acordo com os critérios da OMS (Organização Mundial da Saúde). A escala vai de leve a grave.
A área rural tem índices melhores do que a urbana em relação aos dois problemas, o que pode ser consequência de uma alimentação mais natural e com menos produtos industrializados, afirma Ana Beatriz Vasconcellos, coordenadora da Política Nacional de Alimentação e Nutrição do ministério. Ela ressalta, no entanto, que se trata de uma hipótese.
O mesmo fator pode explicar o fato de que, entre as cinco regiões do país, o Sudeste tenha a maior incidência de deficiência de vitamina A entre as crianças -21,6%. Na região Nordeste, o índice é de 19%.
Considerando todo o país, a maior taxa de anemia infantil está na idade até dois anos, o que, para Vasconcellos, indica problemas na transição do aleitamento materno para a alimentação normal.

Amostras de sangue
De acordo com o Ministério da Saúde, estudos anteriores restritos a determinados locais do país haviam indicado uma incidência maior da anemia entre as crianças. Mas não é possível afirmar que há uma queda, já que a nova pesquisa foi a primeira a tratar do problema abrangendo todo o território.
Para isso, foram analisadas cerca de 3.500 amostras de sangue de crianças de até cinco anos e 5.700 de mulheres. Para a coordenadora da pesquisa, Elza Berquó, o universo é representativo da população.
Os primeiros resultados da pesquisa, divulgados em julho do ano passado, mostraram que a desnutrição infantil aguda, associada à fome, está no patamar considerado normal pela OMS. Isso indica que os problemas estão mais relacionados à qualidade da alimentação do que à quantidade.
A partir dos dados do levantamento, o Ministério da Saúde decidiu criar uma comissão para avaliar se a indústria está cumprindo a determinação legal de colocar ferro nas farinhas de trigo e de milho. Ainda assim, a pasta avalia que a pesquisa pode não ter captado o resultado da exigência, já que ela vale apenas desde 2004, e o estudo foi realizado em 2006.
Em relação à vitamina A, hoje o governo distribui cápsulas com o micronutriente no norte de Minas Gerais e na região Nordeste. Com a realização da pesquisa, o ministério agora irá avaliar a possibilidade de uma política para o Sudeste.
O ministério também prometeu ações educacionais para incentivar o aleitamento materno como alimento exclusivo até os seis meses de idade e adiar o consumo de produtos industrializados.


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