São Paulo, domingo, 25 de julho de 2010

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Gripe, saia deste corpo

Sugestões para fortalecer o sistema imunológico e enfrentar este período de muitos vírus no ar e ameaça de doenças respiratórias

IARA BIDERMAN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Se não é a umidade baixa, é a temperatura que cai. Nesta época, o que aumenta é o número de vírus em circulação e de internações por doenças respiratórias.
Em São Paulo, nos últimos dois anos, essas internações aumentaram, em média, 50% entre maio e agosto, mostra levantamento da Secretária de Estado da Saúde.
Quem quer fugir da estatística procura se proteger com medidas que vão de se entupir de vitamina C a limpar constantemente as mãos com gel antisséptico.
"Não há comprovação que superdoses de vitamina C evitem a contaminação. Já lavar as mãos é indicado. Mas água e sabão são tão eficazes quanto o gel", diz Ricardo Tardelli, coordenador estadual de Saúde.

EFICÁCIA IMUNOLÓGICA
"Não existe isso de criar um supersistema imune. Mas algumas medidas podem favorecer sua eficiência", afirma o imunologista Luiz Vicente Rizzo, do hospital Albert Einstein.
Dormir, por exemplo. "Quando dormimos, liberamos substâncias que ativam o sistema de defesas do corpo, como a melatonina", diz Rizzo. Fundamental para a imunidade, a melatonina só é liberada em quantidade na ausência de luz.
Assim como precisa de escuridão, o sistema imunológico precisa de luz e sol.
Um estudo recente da Unidade de Pesquisa em Imunidade e Prevenção de Doenças, dos EUA, mostrou que pessoas que tomam pouco sol e têm concentração menor de vitamina D estão mais sujeitas a infecções.
Além da vitamina D, os nutrientes da vez são o zinco e a vitamina E.
Um estudo feito com 600 idosos de Boston conclui que o consumo diário de 200 UI (unidades internacionais) de vitamina E diminui em 20% o risco de gripes e pneumonia.
No mesmo estudo, publicado no "American Journal of Clinical Nutrition", os pesquisadores constataram que as pessoas com bons níveis de zinco no sangue apresentavam 50% menos chance de ter pneumonia.

ESTRESSE
Para Esdras Guerreiro Vasconcellos, diretor do Instituto Paulista de Stress, Psicossomática e Psiconeuroendocrinoimunologia, as reações hormonais desencadeadas pelo estresse são uma das principais causas da chamada "baixa de imunidade".
Medidas antiestresse têm mostrado uma ação específica no sistema imunológico.
A massagem é uma delas. Pesquisas feitas com pessoas em condições de baixa imunidade -adolescentes com Aids, mulheres com câncer de mama e bebês prematuros- mostram que, após sessões de massagem, a quantidade de células de defesa no sangue aumenta.

REMÉDIOS
Medicamentos são importantes para controlar infecções por bactérias e diminuir sintomas de viroses. Quando bem indicados. Caso contrário, trabalham contra o sistema imunológico.
"Usar antibiótico sem indicação altera o equilíbrio da flora intestinal, facilitando o aparecimento de fungos e infecções", diz Tardelli.
Remédios sintomáticos para gripe também podem atrapalhar. "Eles melhoram sintomas como excesso de coriza. Mas também secam o muco respiratório, o que pode, em tese, interferir nos mecanismos naturais de defesa", pondera Tardelli.
A mesma tese se aplica aos antitérmicos. Como o aumento de temperatura corporal é uma forma de o corpo se defender, o ideal é não "abortar" a febre assim que a temperatura começar a subir. "É melhor não usar o remédio se a febre estiver abaixo de 38º", recomenda Tardelli.


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