São Paulo, quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Próximo Texto | Índice

Câncer atingirá 2 em cada mil brasileiros, diz Inca

Em 2010, Brasil terá 489.270 novos casos dos 11 tipos de tumor mais comuns

A incidência poderia ser reduzida em 30% com o controle do fumo, em 35% com boa alimentação e em 10% com cuidados sob o sol


DENISE MENCHEN
DA SUCURSAL DO RIO

Em 2010, dois em cada mil brasileiros desenvolverão algum dos 11 tipos de câncer mais comuns no país, num total de 489.270 novos casos. A estimativa é do Inca (Instituto Nacional de Câncer), que divulgou ontem o estudo "Incidência de Câncer no Brasil", realizado a cada dois anos.
Na última versão da pesquisa, válida para 2008 e 2009, a previsão era de 467 mil novos casos por ano. O número real não é conhecido pela inexistência de um sistema nacional de registro da doença -atualmente, apenas 20 cidades brasileiras têm um mecanismo confiável de monitoramento.
São essas informações, aliadas a projeções populacionais e a dados nacionais de mortalidade, que servem de base para o cálculo das estimativas pelo Inca. O instituto não divulga a série histórica das projeções por considerar que o aprimoramento do diagnóstico e do registro de casos leva a um aumento que não necessariamente reflete a expansão da doença.
Mas a tendência é de alta. "O envelhecimento da população tem um papel fundamental na incidência e na mortalidade por câncer", diz Luiz Antonio Santini, diretor-geral do Inca.
Em 2010, o tipo de câncer mais comum será o de pele não melanoma (tumor de bom prognóstico). No total, serão 113.850 casos. A doença pode ser prevenida com o uso de filtro solar e de roupas e chapéus que protejam da radiação. Outra recomendação é evitar a exposição ao sol entre 10h e 16h.
Dos outros 375.420 casos previstos para 2010, 192.590 atingirão mulheres e 182.830, homens. A diferença decorre principalmente do fato de que a população acima de 65 anos, mais vulnerável à doença, é formada majoritariamente por mulheres, com expectativa de vida maior. No total, 43% dos novos casos de câncer ocorrerão nessa faixa etária.
Os outros tipos mais comuns da doença serão, entre os homens, o câncer de próstata, de traqueia, brônquio e pulmão, de estômago e de cólon e reto. Já entre as mulheres, a maior incidência será do câncer de mama, seguido pelo de colo do útero, de cólon e reto e de traqueia, brônquio e pulmão.
A taxa de incidência do câncer, porém, varia bastante nos Estados. De acordo com o coordenador de prevenção e vigilância do Inca, Cláudio Noronha, a diferença está relacionada ao grau de exposição aos fatores de risco, que costuma ser maior no Sul e no Sudeste. "O câncer está muito ligado ao envelhecimento, ao tabagismo, ao sedentarismo e à obesidade."
Noronha diz que estudos apontam que a incidência da doença poderia ser reduzida em até 30% com o controle do tabagismo. A qualidade da alimentação também poderia reduzir em 35% os novos casos de câncer, e os cuidados com a exposição solar, em 10%.
Para Santini, a previsão de quase meio milhão de novos casos em 2010 exigirá investimentos na capacidade do sistema de saúde de diagnosticar e tratar os doentes.
Hoje, o SUS conta com 294 unidades credenciadas para o tratamento de câncer. Em média, cada uma é capaz de cuidar de cerca de mil pessoas.


Próximo Texto: Mortes por Aids caem 10% em cinco anos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.