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Câncer atingirá 2 em cada mil brasileiros, diz Inca
Em 2010, Brasil terá 489.270 novos casos dos 11 tipos de tumor mais comuns
A incidência poderia ser reduzida em 30% com o controle do fumo, em 35% com boa alimentação e em 10% com cuidados sob o sol
DENISE MENCHEN
DA SUCURSAL DO RIO
Em 2010, dois em cada mil
brasileiros desenvolverão algum dos 11 tipos de câncer mais
comuns no país, num total de
489.270 novos casos. A estimativa é do Inca (Instituto Nacional de Câncer), que divulgou
ontem o estudo "Incidência de
Câncer no Brasil", realizado a
cada dois anos.
Na última versão da pesquisa, válida para 2008 e 2009, a
previsão era de 467 mil novos
casos por ano. O número real
não é conhecido pela inexistência de um sistema nacional de
registro da doença -atualmente, apenas 20 cidades brasileiras têm um mecanismo confiável de monitoramento.
São essas informações, aliadas a projeções populacionais e
a dados nacionais de mortalidade, que servem de base para o
cálculo das estimativas pelo Inca. O instituto não divulga a série histórica das projeções por
considerar que o aprimoramento do diagnóstico e do registro de casos leva a um aumento que não necessariamente reflete a expansão da doença.
Mas a tendência é de alta. "O
envelhecimento da população
tem um papel fundamental na
incidência e na mortalidade
por câncer", diz Luiz Antonio
Santini, diretor-geral do Inca.
Em 2010, o tipo de câncer
mais comum será o de pele não
melanoma (tumor de bom
prognóstico). No total, serão
113.850 casos. A doença pode
ser prevenida com o uso de filtro solar e de roupas e chapéus
que protejam da radiação. Outra recomendação é evitar a exposição ao sol entre 10h e 16h.
Dos outros 375.420 casos
previstos para 2010, 192.590
atingirão mulheres e 182.830,
homens. A diferença decorre
principalmente do fato de que a
população acima de 65 anos,
mais vulnerável à doença, é formada majoritariamente por
mulheres, com expectativa de
vida maior. No total, 43% dos
novos casos de câncer ocorrerão nessa faixa etária.
Os outros tipos mais comuns
da doença serão, entre os homens, o câncer de próstata, de
traqueia, brônquio e pulmão,
de estômago e de cólon e reto.
Já entre as mulheres, a maior
incidência será do câncer de
mama, seguido pelo de colo do
útero, de cólon e reto e de traqueia, brônquio e pulmão.
A taxa de incidência do câncer, porém, varia bastante nos
Estados. De acordo com o coordenador de prevenção e vigilância do Inca, Cláudio Noronha, a diferença está relacionada ao grau de exposição aos fatores de risco, que costuma ser
maior no Sul e no Sudeste. "O
câncer está muito ligado ao envelhecimento, ao tabagismo, ao
sedentarismo e à obesidade."
Noronha diz que estudos
apontam que a incidência da
doença poderia ser reduzida
em até 30% com o controle do
tabagismo. A qualidade da alimentação também poderia reduzir em 35% os novos casos de
câncer, e os cuidados com a exposição solar, em 10%.
Para Santini, a previsão de
quase meio milhão de novos casos em 2010 exigirá investimentos na capacidade do sistema de saúde de diagnosticar e
tratar os doentes.
Hoje, o SUS conta com 294
unidades credenciadas para o
tratamento de câncer. Em média, cada uma é capaz de cuidar
de cerca de mil pessoas.
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