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OMS defende laços com indústria e nega conflito ético
Organização responde a acusações de ter exagerado o alarme da gripe suína para beneficiar fabricantes de vacina
Conselho da Europa começa a discutir o tema hoje; um parecer desfavorável da entidade pesaria contra a credibilidade da OMS
LUCIANA COELHO
DE GENEBRA
A Organização Mundial da
Saúde defendeu em comunicado à imprensa ontem seus laços
com parceiros do setor privado
-inclusive a indústria farmacêutica- como "essenciais para alcançar seus objetivos em
saúde pública hoje e no futuro".
É a segunda vez em uma semana que a OMS responde à acusação de ter exagerado o alarme
da gripe suína para beneficiar
fabricantes de vacina.
"Fornecer aconselhamento
independente é uma função
importante da OMS. Levamos
esse trabalho a sério e nos resguardamos de qualquer influência inapropriada", diz o
texto, acrescentando que a reação da entidade à pandemia de
gripe, declarada em junho de
2009, "não foi indevidamente
influenciada pela indústria".
Na semana passada, a diretora-geral da organização, Margaret Chan, usou a abertura da
sessão anual para justificar as
medidas e o alarme contra a
doença, que em dez meses matou cerca de 14,1 mil pessoas.
O Conselho da Europa começa a discutir o tema hoje em sua
Assembleia Parlamentar. O debate, proposto por um deputado alemão, é o destaque da semana sob o nome "Pandemia
falsificada: uma ameaça à saúde". O conselho não é ligado à
União Europeia, mas atua como a principal entidade de defesa dos direitos humanos e
congrega 47 países. Um parecer
desfavorável seu pesaria contra
a credibilidade da OMS.
A OMS, que de fato trabalha
com membros da indústria,
alega que todos os especialistas
são obrigados a assinar uma declaração em que detalham sua
fonte de renda e eventuais conflitos de interesse. "Temos confiança na independência das
decisões sobre a pandemia de
gripe. As alegações de que a
OMS criou uma pandemia falsa
para trazer benefícios econômicos à indústria é cientificamente errada e historicamente
incorreta", segue.
Impacto menor
A entidade atribui o impacto
menor que o inicialmente previsto do vírus A (H1N1) ao fato
de ele ser "diferente de outros
vírus" e à rapidez das ações para contê-lo, após análises laboratoriais indicarem sua força.
De acordo com a agência de
notícias EFE, que cita analistas,
as indústrias farmacêuticas ganharam cerca de US$ 7 bilhões
com a pandemia da nova gripe.
Governos europeus têm sido
criticados domesticamente
após terem encomendado dezenas de milhares de doses de
vacina e usado uma pequena
fração do que compraram. Com
os estoques cheios, muitos tentam revender o produto.
No Brasil, não há mudanças
em relação às vacinas encomendadas: o país terá, ao todo,
83 milhões de doses.
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