São Paulo, terça-feira, 26 de janeiro de 2010

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OMS defende laços com indústria e nega conflito ético

Organização responde a acusações de ter exagerado o alarme da gripe suína para beneficiar fabricantes de vacina

Conselho da Europa começa a discutir o tema hoje; um parecer desfavorável da entidade pesaria contra a credibilidade da OMS


LUCIANA COELHO
DE GENEBRA

A Organização Mundial da Saúde defendeu em comunicado à imprensa ontem seus laços com parceiros do setor privado -inclusive a indústria farmacêutica- como "essenciais para alcançar seus objetivos em saúde pública hoje e no futuro". É a segunda vez em uma semana que a OMS responde à acusação de ter exagerado o alarme da gripe suína para beneficiar fabricantes de vacina.
"Fornecer aconselhamento independente é uma função importante da OMS. Levamos esse trabalho a sério e nos resguardamos de qualquer influência inapropriada", diz o texto, acrescentando que a reação da entidade à pandemia de gripe, declarada em junho de 2009, "não foi indevidamente influenciada pela indústria".
Na semana passada, a diretora-geral da organização, Margaret Chan, usou a abertura da sessão anual para justificar as medidas e o alarme contra a doença, que em dez meses matou cerca de 14,1 mil pessoas.
O Conselho da Europa começa a discutir o tema hoje em sua Assembleia Parlamentar. O debate, proposto por um deputado alemão, é o destaque da semana sob o nome "Pandemia falsificada: uma ameaça à saúde". O conselho não é ligado à União Europeia, mas atua como a principal entidade de defesa dos direitos humanos e congrega 47 países. Um parecer desfavorável seu pesaria contra a credibilidade da OMS.
A OMS, que de fato trabalha com membros da indústria, alega que todos os especialistas são obrigados a assinar uma declaração em que detalham sua fonte de renda e eventuais conflitos de interesse. "Temos confiança na independência das decisões sobre a pandemia de gripe. As alegações de que a OMS criou uma pandemia falsa para trazer benefícios econômicos à indústria é cientificamente errada e historicamente incorreta", segue.

Impacto menor
A entidade atribui o impacto menor que o inicialmente previsto do vírus A (H1N1) ao fato de ele ser "diferente de outros vírus" e à rapidez das ações para contê-lo, após análises laboratoriais indicarem sua força.
De acordo com a agência de notícias EFE, que cita analistas, as indústrias farmacêuticas ganharam cerca de US$ 7 bilhões com a pandemia da nova gripe.
Governos europeus têm sido criticados domesticamente após terem encomendado dezenas de milhares de doses de vacina e usado uma pequena fração do que compraram. Com os estoques cheios, muitos tentam revender o produto.
No Brasil, não há mudanças em relação às vacinas encomendadas: o país terá, ao todo, 83 milhões de doses.


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