São Paulo, quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

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David Uip assume hoje a direção do Emílio Ribas

Parceria com a Faculdade de Medicina da USP quer melhorar ensino e pesquisa

Instituição precisa de novos investimentos; hoje, não há ressonância magnética para diagnosticar doenças como encefalite e meningite


Leo Caobelli/Folha Imagem
O infectologista David Uip em seu consultório, em São Paulo

CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL

O infectologista David Uip, 56, ex-diretor do InCor (Instituto do Coração), assume hoje a diretoria do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, referência nacional no atendimento de doenças infectocontagiosas, com quase 130 anos de história. Uip substituirá o médico Sebastião André de Felice, que desde 2003 ocupava o cargo.
Simultaneamente à nomeação de Uip, a Secretaria de Estado da Saúde fechou uma parceria com a Faculdade de Medicina da USP com audacioso objetivo: transformar o Emílio Ribas no maior centro de diagnóstico, tratamento e prevenção de doenças infectocontagiosas do mundo -título hoje ocupado pelo CDC (Centers for Disease Control and Prevention), de Atlanta (EUA).
Para atingir esse objetivo, o projeto demandará investimentos -a secretaria não tem previsão de valores a serem investidos, diz que isso dependerá de uma análise de Uip. A Folha apurou que o Emílio Ribas padece de falta de equipamentos de diagnósticos e, algumas vezes, até de remédios.
O instituto não tem, por exemplo, um aparelho de ressonância magnética, fundamental no diagnóstico de doenças como encefalite e meningite. Quando atende casos suspeitos, tem que encaminhar o paciente para fazer o exame no Hospital das Clínicas, por exemplo. Médicos do instituto também se queixam da falta de alguns antivirais, como os que tratam o citomegalovirus.
Um dos berços do programa paulista de combate à Aids, que virou modelo para a OMS (Organização Mundial da Saúde), o Emílio Ribas realiza mensalmente 4.000 atendimentos de pronto-socorro, 6.000 de ambulatório e 500 internações.
Segundo Uip, a promessa da secretaria e do governo do Estado é que haverá "todo apoio" para que o instituto se transforme em algo semelhante ao CDC de Atlanta. "O Emílio Ribas já tem uma qualidade de assistência muito boa, agora precisa ter os recursos mais apropriados e os mais modernos se quiser fazer parte dessa missão, que é ser o maior centro de controle de doenças do país e, talvez, do mundo", diz o médico.
Mas ele avalia que, além de recursos e pessoas qualificadas, um hospital precisa de processos. "Se você não tiver processos, investimentos podem virar desperdício e ir para o ralo", afirma o infectologista.
Uip diz que a parceria com a Faculdade de Medicina permitirá reunir o que há de melhor nas duas instituições. "Quanto melhor o ensino e a pesquisa, melhor é a assistência."
O secretário estadual da Saúde, Luiz Roberto Barradas Barata, afirma que a forma de gestão do Emílio Ribas não será alterada. O hospital continuará vinculado à administração direta da secretaria, com atuação de servidores públicos concursados. Também não estão previstas demissões, segundo ele.
Davi Uip também reforça que pretende promover melhorias sem ferir a cultura e os hábitos dos profissionais que já atuam no Emílio Ribas.
Segundo Barradas, outra ideia é viabilizar parcerias internacionais que permitam ao Emílio Ribas ampliar a produção de conhecimento científico e o desenvolvimento de novos protocolos clínicos de tratamento de pacientes com Aids e outras doenças infecciosas.
Barradas nega que haja falta de recursos no instituto para o atendimento dos pacientes. "Não tenho informações de que exista falta de medicamentos ou insumos. E não há ressonância magnética porque a demanda por esse tipo de exame em um hospital de infectologia é muito baixa e não justifica que haja um equipamento exclusivamente para a unidade."
Ele afirma que os pacientes do Ribas que, eventualmente, necessitam de ressonância são encaminhados para outros hospitais da rede estadual. "Mas o dr. David Uip fará um diagnóstico do hospital e quais suas necessidades imediatas."


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