Governo comprou mais 30 milhões de doses da vacina contra a gripe A (H1N1); imunização começa no dia 8/3

De acordo com o Ministério da Saúde, inclusão do novo grupo foi possível porque houve sobra de doses nos países do hemisfério Norte

ANGELA PINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Enquanto países europeus tentam se desfazer de estoques de vacina que encalharam, o Ministério da Saúde comprou mais 30 milhões de doses e decidiu incluir na campanha de imunização contra a gripe A (H1N1) um novo grupo: pessoas entre 30 e 39 anos que não apresentam doenças crônicas. A vacinação começará na rede pública no dia 8 de março.
As doses extras da vacina foram adquiridas do laboratório francês Sanofi-Aventis ao custo de R$ 300 milhões. Ao todo, o gasto do governo federal com medicamentos e vacinas para a nova gripe chegará a R$ 1,8 bilhão, mais do que o R$ 1,4 bilhão investido no ano passado no programa de Aids, um dos mais caros do ministério.
A ampliação do público-alvo, segundo o ministro José Gomes Temporão, foi decidida porque, entre os grupos que haviam ficado de fora, a faixa etária dos 30 aos 39 anos era a que tinha mais risco de agravamento da doença e também porque sobraram doses da vacina no hemisfério Norte, o que aumentou a disponibilidade do produto no mercado.
Questionado sobre o fato de a atuação do governo brasileiro estar indo na contramão do que está ocorrendo na Europa, Temporão afirmou que, uma vez comprovado que a vacina é eficaz, não haveria por que não proteger a população. Ele disse ainda que os brasileiros têm uma "cultura" de adesão às campanhas de vacinação maior do que em lugares da Europa e disse que a situação nesses países é diferente da verificada nos Estados Unidos, no México e no Canadá, onde a procura pela imunização foi maior.
Temporão afirmou também que o Brasil levará vantagem sobre os países europeus por iniciar a vacinação antes do inverno, ao contrário deles, que começaram a imunização já no início da segunda onda de aumento de casos.
Nos dois últimos meses, a OMS (Organização Mundial da Saúde) tem sido acusada de aumentar o alarde em relação à gripe para favorecer interesses econômicos de laboratórios farmacêuticos. Nesta semana, a organização afirmou que seria prematuro dizer que a pandemia já atingiu seu pico, mas reconheceu que ela não foi tão grave como se pensava.
No Brasil, a campanha será feita em etapas, divididas pelos grupos aptos a serem imunizados. Os primeiros, entre 8 e 19 de março, serão os indígenas e os trabalhadores de serviços de saúde que lidam com as pessoas que têm a doença.
Serão imunizados 91 milhões de pessoas. Mais 20 milhões de doses ficarão armazenadas para suprir perdas durante o processo e para a possibilidade de vacinar outros grupos.


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