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Relaxe no dentista
Profissionais investem em mordomias como cadeiras de massagem, TVs, DVDs e cenários relaxantes para
distrair pacientes e driblar a ansiedade deles
Fotos Marcelo Justo/Folhapress
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A atriz Josiane Wolski, 40, que tinha crises de taquicardia e pressão alta quando ia ao dentista, assiste TV durante atendimento para conseguir relaxar
FERNANDA BASSETTE
RACHEL BOTELHO
DE SÃO PAULO
Tratar fobia de dentista
com acupuntura ou hipnose
é coisa do passado. Para afastar a ansiedade que a maioria
sente antes da consulta, os
profissionais usam a tecnologia e a boa e velha conversa.
"Cerca de 70% dos pacientes se sentam na cadeira com
medo, desconfiados de tudo", afirma o cirurgião-dentista Luís Calicchio, sócio do
Ateliê Oral, na Vila Nova
Conceição, São Paulo.
É aí que entram itens como
internet sem fio, TV a cabo,
DVDs e cadeiras massageadoras. Aos poucos, esse aparato está mudando o cenário
dos consultórios dentários.
"A tendência agora é um
cuidado especial e humanizado, para ganhar a confiança dos pacientes", explica o
dentista Fábio Bibancos.
Bibancos instalou na sua
clínica 13 televisores com
DVD em cadeiras de atendimento. O controle-remoto fica nas mãos do paciente.
Quando o dentista inicia o
atendimento, o televisor
acompanha o movimento da
cadeira. Assim, a pessoa não
perde nada na tela.
A mesma estratégia é usada pelo dentista John Hyun
Won, que tem consultório
nos Jardins. Seus pacientes
desfrutam de uma esteira
massageadora na mesma cadeira de atendimento onde
está acoplada a TV com DVD.
A coleção de DVDs de
Hyun Won ultrapassa 400 títulos. "Tenho musicais, filmes, o que a pessoa quiser.
Relaxa o paciente e não me
atrapalha em nada", diz.
Na clínica de Bibancos, há
também um setor de massagens manuais para quem faz
tratamentos longos.
"Muitos chegam para a
consulta e dizem que têm
medo. Na verdade, o que
existe é o desconforto de ficar
com a boca aberta enquanto
alguém cutuca uma região
sensível", diz Bibancos.
EMPATIA E EFICÁCIA
Para a atriz Josiane Wolski, 40, esse mimo funciona.
Ela nunca se sentiu confortável na cadeira do dentista,
mas, depois de ter a língua
ferida e a boca queimada, o
medo virou coisa séria.
Um dia, depois de tomar a
anestesia, seu coração disparou e a pressão subiu. O problema se repetiu, até que ela
decidiu trocar de dentista.
Na nova clínica, foi orientada a ouvir um cardiologista
e entendeu que a taquicardia
era causada pelo medo e pela
ansiedade.
Antes da primeira consulta no seu dentista atual, recebeu drenagem facial para aliviar a tensão e facilitar a ação
da anestesia.
"Massagem, música de
fundo, cama gostosa, tudo é
preparado para eu ficar mais
relaxada. Ajuda muito", diz.
O ambiente, que não se parece com um consultório,
também tem seu papel. "É
um lounge maravilhoso, com
uma árvore linda, café, computadores. Parece que você
está num barzinho", afirma
Josiane. De olho na TV, diz
que mal vê a consulta passar.
Emil Adib Razuk, presidente do conselho de odontologia de São Paulo, diz que
é difícil, hoje, alguém não se
tratar por medo. "Com uma
boa conversa, o profissional
ganha a empatia do paciente.
Na base da confiança, o medo desaparece."
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