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USP desenvolve aparelhos auditivos de baixo custo
Modelo principal atende às normas do Ministério da Saúde e deverá custar R$ 255
Uma das próteses criadas foi testada em 20 pacientes durante dois anos e os resultados obtidos foram considerados satisfatórios
FERNANDA BASSETTE
RACHEL BOTELHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Pesquisadores da Universidade de São Paulo desenvolveram quatro aparelhos auditivos
de baixo custo que podem atender a maior parte da demanda
do SUS. São modelos "genéricos" dos aparelhos retroauricular (usado atrás da orelha) e intracanal (encaixado dentro do
canal auditivo). Além de mais
baratas, as novas próteses têm
tecnologia 100% nacional -os
modelos atuais são importados.
O principal aparelho foi batizado de Manaus e deverá custar
US$ 140,13 (cerca de R$ 255). É
um modelo retroauricular, que
precisa de menos manutenção
e atende às tecnologias A e B
(básica e intermediária), segundo os critérios estabelecidos pelo Ministério da Saúde.
O outro modelo, chamado de
Rio de Janeiro, atende às mesmas tecnologias, mas é usado
dentro do canal auditivo. Segundo os pesquisadores, juntos, os dois modelos conseguiriam atender 85% da demanda
de próteses auditivas do SUS.
"Os modelos retroauriculares têm duas vantagens: apresentam menor índice de quebra e têm o circuito eletrônico
mais potente. Mas muitos pacientes são vaidosos e não gostam de deixar o aparelho à mostra. Por isso, fizemos também
os de uso interno", explica o engenheiro eletrônico Sílvio Penteado, do Laboratório de Investigações Acústicas da USP, que
desenvolveu as próteses.
De acordo com Penteado, os
aparelhos de tecnologia A e B
poderão ser usados por pessoas
com perdas auditivas discretas,
moderadas e moderadas severas. O ganho auditivo é de 62
decibéis. "Com mais oito decibéis eles poderão ser usados em
pacientes com perda auditiva
severa", afirma.
Os testes com o Manaus foram realizados ao longo de dois
anos com 20 portadores de deficiência auditiva. Eles seguiram protocolos internacionais
e os resultados foram considerados satisfatórios.
"Os aparelhos que usamos
são importados, e o processo de
entrada deles no país é regulamentado e, por isso, um pouco
lento", afirma a otorrinolaringologista Mônica Menon, do
Hospital Sírio-Libanês.
Por outro lado, Menon acredita que o visual do Manaus pode não agradar a todos. "No aspecto da estética ele fica devendo um pouco, e esse é um ponto
que preocupa pacientes de todos os níveis socioeconômicos.
Mas para quem priorizar a função auditiva, o preço acessível
do Manaus certamente será de
grande ajuda", afirma.
Os pesquisadores da USP
também desenvolveram aparelhos que atendem à tecnologia
C (mais avançada). Um deles é
retroauricular e o outro, intracanal. Cada um deles deverá
custar US$ 172 (R$ 313).
Segundo a otorrinolaringologista Maria Cecília Martinelli,
da Unifesp, o retroauricular é
indicado para perdas severas e
profundas. "Quanto maior o
aparelho, mais potente", diz.
Uma prótese chega a custar,
no varejo, até R$ 12 mil. Para os
serviços credenciados pelo
SUS, elas seriam vendidas por
R$ 525 (de tecnologia A), R$
700 (B) e R$ 1.100 (tecnologia
C), segundo Penteado.
O Ministério da Saúde informou que conhece o aparelho
criado pela USP. Reforçou, entretanto, que como o produto
ainda não tem registro na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), não é possível
sua utilização no país, seja na
rede pública ou privada.
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