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Vasectomia cresce entre os homens na faixa dos 40
Em 2000, esse grupo representava 19,4% do total; em 2008, índice era de 24,6%
Segundo especialistas, homens mais novos estão adiando a paternidade; sucesso na reversão da cirurgia varia de 30% a 75%
LARISSA GUIMARÃES
ANGELA PINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A vasectomia tem crescido
mais entre os homens de 40
anos, proporcionalmente, enquanto na faixa de 30 anos o
número de cirurgias tem caído.
É o que mostra um levantamento feito pelo Ministério da
Saúde a pedido da Folha, com
dados do SUS (Sistema Único
de Saúde), levando em conta o
período de 2000 a 2008.
Em 2000, os homens na faixa dos 30 anos representavam
63% das cirurgias de vasectomia. Em 2008, o índice caiu para aproximadamente 55%.
Entre os homens de 40 anos,
os números mostram tendência inversa. No ano passado, os
chamados quarentões eram
24,6% dos homens que se submeteram à cirurgia de esterilização -em 2000, eles representavam 19,4% do total.
De acordo com especialistas,
a queda da participação dos
mais novos entre os que fazem
vasectomia está ligada ao adiamento da paternidade.
Por isso, o ideal é que para fazer o procedimento o homem
tenha pelo menos 35 anos e casamento e situação econômica
estável, afirma Fabio Pasqualotto, membro da comissão de
andrologia da SBRH (Sociedade Brasileira de Reprodução
Humana). "Existe gente jovem
que procura [a vasectomia],
mas cabe ao médico orientar a
pessoa. O paciente tem que saber que o casamento pode acabar, que ele pode perder um
dos filhos e aí se arrepender."
O crescimento da vasectomia entre os homens de idade
mais adiantada mostra também a nova dinâmica da família
brasileira, de acordo com o diretor de Ações Programáticas e
Estratégicas em Saúde do ministério, José Luiz Telles. "As
pessoas estão se divorciando e
se casando mais. Isso influencia muito na decisão [de fazer a
esterilização]", afirma.
O novo casamento é o motivo citado por "mais de 90%"
dos pacientes que buscam a reversão da vasectomia, diz o
urologista José Geraldo de
Aguiar Faria Júnior, que declara ter realizado perto de mil cirurgias desse tipo em uma clínica especializada em reprodução humana em São Paulo.
As chances de sucesso na reversão dependem principalmente do tempo decorrido
desde a vasectomia -quanto
mais recente, melhor. Elas variam de 30% a 75%.
A lei brasileira estabelece
que, para fazer a vasectomia, o
paciente precisa ter pelo menos 25 anos ou já ter tido dois
filhos. Da primeira consulta ao
procedimento, é preciso também esperar dois meses para
evitar arrependimento.
O urologista Rodolfo Borges
dos Reis, da seção paulista da
Sociedade Brasileira de Urologia, defende que a vasectomia é
um procedimento do casal.
"Quem tem que fazer é a pessoa que olha para a mulher e se
enxerga com ela daqui a dez
anos", afirma.
Crescimento
A disposição dos homens em
participar de forma ativa do
planejamento familiar registrou um boom nos últimos
anos, segundo José Luiz Telles.
"Mitos a respeito da cirurgia,
como o de que a vasectomia altera a libido, tem caído."
Em 2000, o SUS registrou
quase 1.700 cirurgias. No ano
passado, cerca de 26 mil homens fizeram vasectomia.
O comerciante Ricardo Abdala, 42, está disposto a entrar
para a estatística. Ele tomou a
decisão após o nascimento da
segunda filha, de nove meses.
"Quando nossa primeira filha nasceu, pensamos em parar
a "produção" e até procurei informação sobre vasectomia.
Mas, depois, resolvemos esperar e pensar mais sobre o assunto", conta.
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