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Hipertensão na gravidez aumenta risco após parto
Gestantes que desenvolvem a doença devem ser avaliadas depois do nascimento
Orientação integra novas diretrizes elaboradas por sociedade de cardiologia; cardiopatia é a maior causa de morte materna indireta
GABRIELA CUPANI
DA REPORTAGEM LOCAL
As mulheres que desenvolvem hipertensão durante a gravidez devem passar por uma
avaliação seis meses após o parto. A recomendação consta das
novas diretrizes sobre cardiopatia na gravidez, que acabam
de ser elaboradas pela Sociedade Brasileira de Cardiologia.
A orientação se baseia em
pesquisas que mostram que
mulheres com pré-eclâmpsia
(uma das complicações hipertensivas da gestação, que pode
levar ao parto prematuro e à
morte da mãe) têm um risco
quatro vezes maior de desenvolver hipertensão arterial crônica e quase duas vezes mais
chance de ter doença arterial
coronariana, derrame e tromboembolismo venoso num intervalo de até 14 anos após a
gestação. Até pouco tempo
atrás, acreditava-se que o problema terminava com o parto.
"A maioria dos cardiologistas
e dos obstetras ainda desconhece que essa complicação
gestacional aumenta o risco de
doença cardiovascular precoce
nessas mulheres", diz a cardiologista Citânia Tedoldi, editora
das novas diretrizes. "A hipertensão na gravidez pode induzir alterações a longo prazo que
estão associadas ao aumento
desse risco", explica.
Por isso, esse grupo de pacientes deve ter seu perfil de
risco cardiovascular avaliado,
incluindo seus hábitos de vida,
seis meses depois do parto e começar a adotar medidas preventivas o quanto antes.
"O acompanhamento deve
ser não só no pós-parto como
ao longo da vida da mulher,
com exames rastreadores e
diagnóstico dos distúrbios hipertensivos", diz o ginecologista Denis Nascimento, da Universidade Federal do Paraná.
"Essas mulheres precisam
adotar mudanças no estilo de
vida recomendadas aos hipertensos, como controle do consumo de sal e do peso e adoção
da prática de atividade física
moderada, como caminhada",
acrescenta o cardiologista Ivan
Cordovil, chefe do Departamento de Hipertensão do Instituto Nacional de Cardiologia,
no Rio de Janeiro.
Ainda não se sabe o que desencadeia as complicações hipertensivas na gravidez em
mulheres saudáveis. Algumas
apresentam somente elevação
da pressão.
Já a pré-eclâmpsia é uma
complicação grave, que traz risco de morte à mulher. Além da
hipertensão, ocorre perda de
proteínas na urina e inchaço.
O risco de pré-eclâmpsia é
maior na primeira gestação, em
obesas, nas diabéticas e em
quem tem história familiar.
O documento com as novas
diretrizes, que deve ser publicado em breve, também traz
uma atualização completa de
todos os aspectos da cardiologia na mulher. "Queremos
orientar sobre os tratamentos
mais adequados de acordo com
as últimas evidências científicas", diz Tedoldi.
As doenças do coração são
consideradas a maior causa de
morte materna indireta -ou
seja, aquelas que não são provocadas por causas obstétricas,
como hemorragias e infecções.
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