|
Próximo Texto | Índice
Uso de analgésico eleva risco de hipertensão
Estudo avaliou o efeito de tomar o medicamento ao menos uma vez por semana; foram analisados outros cinco hábitos
Dieta, exercício, controle de peso, consumo moderado de álcool, ingestão de ácido fólico e menos uso da droga evitariam 78% dos casos
JULLIANE SILVEIRA
GABRIELA CUPANI
DA REPORTAGEM LOCAL
O uso de analgésicos não narcóticos (como aspirina e ibuprofeno) pelo menos uma vez
por semana foi relacionado a
17% dos casos de desenvolvimento de hipertensão em um
grupo de mulheres americanas.
Os resultados são de um levantamento com mais de 83
mil voluntárias de 27 a 44 anos
que avaliou como o consumo
desses medicamentos e outros
cinco hábitos modificáveis estavam relacionados à doença.
As mulheres foram acompanhadas por 14 anos por pesquisadores de Harvard, e o estudo
foi publicado na última edição
do "Jama". As participantes
não apresentavam pressão alta,
diabetes nem doenças cardiovasculares no início da pesquisa. Foram ajustados outros fatores de risco, como histórico
familiar, idade, tabagismo e uso
de pílulas anticoncepcionais.
Para a pesquisa, foram associados à prevenção de pressão
alta os seguintes itens: IMC (índice de massa corpórea) menor
do que 25 kg/m³, alta adesão à
dieta Dash (da sigla em inglês
Dietary Approaches to Stop
Hypertension), 30 minutos
diários de atividade física, consumo moderado de álcool (até
uma dose diária) e suplementação com ácido fólico, além da
baixa ingestão de analgésicos.
No período estudado, 12.319
mulheres desenvolveram hipertensão -78% desses casos
teriam sido evitados se elas seguissem os seis hábitos.
A obesidade foi o fator de
maior risco: as obesas apresentaram 4,7 mais risco de sofrer
de pressão alta do que aquelas
com IMC menor que 23 kg/m³.
Entre as mulheres com hipertensão, 40% delas poderiam ter
evitado a doença se não tivessem sobrepeso. "O estudo destaca a importância dos fatores
modificáveis na prevenção",
afirma o cardiologista Marcus
Malachias, diretor clínico do
Instituto de Hipertensão Arterial de Minas Gerais.
Dos seis fatores avaliados, o
uso de analgésicos é ainda o
menos relacionado ao problema. Os mecanismos não são
claros, mas pesquisas recentes
têm apontado uma associação
entre esse tipo de medicamento e um maior risco de hipertensão. "Alguns estudos sugerem que esses remédios possam levar a lesões renais em
pessoas com alguma predisposição", explica Malachias.
Os rins estão envolvidos nos
mecanismos de regulagem da
pressão arterial, como a eliminação de sódio pelo organismo.
Se essa função é prejudicada,
pode haver um desajuste nos
níveis da pressão.
Controvérsia
Para Fernando Nobre, presidente da Sociedade Brasileira
de Hipertensão, a relação dos
analgésicos com a doença vascular ainda é controversa. "Alguns estudos associam esses
medicamentos a hipertensão,
outros, não. Ainda não é possível chegar à conclusão de que o
uso deve ser limitado", afirma.
No entanto, já se conhece
uma possível relação entre o
uso de analgésicos e a resistência de alguns hipertensos, que
não conseguem fazer um controle adequado da pressão arterial com o uso de remédios.
Próximo Texto: Homens: Remédio aumenta risco de pressão alta Índice
|