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Doença cardiovascular é a que mais mata, diz OMS
AVC ocupa o 2º lugar do ranking, seguido por problemas do trato respiratório
Dados variam conforme a
situação socioeconômica de
cada país; nos mais pobres,
infecções respiratórias são
maior causa de mortalidade
AMARÍLIS LAGE
FLÁVIA MANTOVANI
DA REPORTAGEM LOCAL
As doenças cardiovasculares
são a principal causa de morte
no mundo, segundo um relatório divulgado ontem pela OMS
(Organização Mundial da Saúde). Essas doenças representam cerca de 32% de todas as
mortes de mulheres e 27% das
mortes de homens, de acordo
com dados de 2004. Em seguida estão as doenças causadas
por infecções e parasitas e os
diferentes tipos de câncer.
Os dados, porém, variam
conforme as condições socioeconômicas de cada país. Nos
mais pobres, as pessoas morrem principalmente devido a
infecções e parasitas e a problemas perinatais. Nos mais ricos,
nove das dez principais causas
de morte são doenças não-contagiosas, como o câncer.
Nos países de renda média,
como o Brasil, também predominam as doenças não-contagiosas -um diferencial está nas
mortes ligadas a acidentes de
trânsito, em sexto lugar.
O topo do ranking global não
mudou desde 1990, quando foi
feito o primeiro desses estudos.
Doença cardiovascular
Segundo o cardiologista Raul
Dias dos Santos, diretor do InCor, uma explicação para a liderança das doenças cardiovasculares é paradoxal: a melhora
na qualidade de vida. "A medicina tem mais controle sobre as
doenças infecto-contagiosas.
As pessoas vivem mais, sendo
que os mais velhos têm mais
risco de ter problemas cardiovasculares."
Outras razões são a obesidade e o sedentarismo. "Hoje, todos trabalham sentados, andam de carro ou de ônibus e comem gordura saturada e açúcar." Com isso, subiu o índice
de obesidade e as taxas de gordura no sangue -fatores de risco para doenças cardíacas.
Santos diz que mesmo países
pobres da África têm enfrentado dieta gordurosa, sedentarismo e o conseqüente aumento
de doenças isquêmicas.
Já nos EUA, houve uma redução de 40%, nos últimos 20
anos, no índice de doenças cardiovasculares, devido ao melhor tratamento do colesterol
alto e da hipertensão e a avanços no controle do infarto. Mas
o índice de obesidade persiste.
O bom é que ao menos 80%
das mortes prematuras por essas doenças podem ser evitadas
com dieta e exercício e evitando o fumo. Santos ressalta a
identificação precoce de fatores de risco. "A doença cardíaca
é silenciosa. Quando há sintomas, há maior risco de morte."
Problemas respiratórios
Das doenças infecciosas, as
que mais matam são as respiratórias, principalmente a pneumonia. Para Paulo Feitosa, secretário-geral da Sociedade
Brasileira de Pneumonia e Tisiologia, o estudo mostra onde
investir. Um dos problemas, a
seu ver, está na capacitação
profissional. "Há um subdiagnóstico da gravidade da pneumonia em pronto-socorros."
Em países pobres, a mortalidade ligada à tuberculose também não é desprezível, diz: a
desnutrição prejudica o sistema imunológico e a aglomeração de pessoas em moradias pequenas facilita a contaminação.
Câncer
Embora os dois tipos de câncer mais incidentes no mundo
sejam o de mama e o de próstata, os que mais matam são o de
pulmão e o de estômago.
Segundo o oncologista clínico Ricardo Caponero, membro
do conselho científico da Associação Brasileira do Câncer, isso ocorre porque não há tratamentos efeitos para esses tumores e a detecção deles é difícil, o que inviabiliza o diagnóstico precoce. "Talvez a tomografia permita a detecção do
câncer de pulmão, mas é um
exame caro."
Ele ressalta que Ásia e América Latina têm uma incidência
maior de câncer de estômago
devido à bactéria Helicobacter
pilori e aos hábitos alimentares.
O terceiro câncer que mais
mata é o colorretal, que pode
ser rastreado com a colonoscopia (que deve ser feita a partir
dos 50 anos). No Brasil, a dificuldade de acesso ao exame,
aliada a fatores culturais, faz
com que muitos casos só sejam
identificados quando já há metástase, diz Caponero.
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