|
Próximo Texto | Índice
Câncer é a doença que mais mata jovens de 5 a 18 anos
Taxa de mortalidade está na média mundial, mas é maior que a de países ricos
Leucemia (29%) foi o tipo mais comum no período, seguida de linfoma (15,5%) e dos tumores do sistema nervoso central (13,4%)
DENISE MENCHEN
DA SUCURSAL DO RIO
Segunda principal causa de
morte no país, o câncer responde pela maior parte dos óbitos
por doenças entre crianças e
adolescentes de cinco a 18 anos.
Entre um e quatro anos, a
doença também aparece entre
as dez principais causas.
Os dados foram divulgados
ontem pelo Inca (Instituto Nacional de Câncer), que fez um
mapeamento da doença no
Brasil. Segundo o levantamento, realizado com base em informações do Ministério da
Saúde e dos registros de 20 cidades das cinco regiões do país,
a taxa de mortalidade pela
doença na população até 18
anos foi de 40,03 por um milhão entre 2001 e 2005 -44,1
no caso dos meninos e 35,84 no
caso das meninas.
De acordo com o coordenador de prevenção e vigilância
do Inca, Cláudio Noronha, o
número é compatível com a
média mundial, mas está acima
do verificado nos países desenvolvidos. Segundo ele, de 1979 a
2005 a taxa de mortalidade infantil pela doença caiu no país:
0,27% ao ano no sexo masculino e 0,04% no feminino.
O resultado foi puxado pelo
desempenho das regiões Sul,
Sudeste e Centro-Oeste, que
apresentaram quedas significativas no período. Já o Norte e o
Nordeste registraram aumento
na proporção de mortos. As taxas médias de mortalidade nessas duas regiões, porém, continuam abaixo das demais. No
país, elas oscilam de 35,12 a
46,19 mortes por um milhão.
Segundo Noronha, uma das
explicações possíveis para esse
comportamento é a melhoria
do diagnóstico nas duas regiões, que passaram a identificar melhor as causas das mortes. Na década de 70, quase
50% dos óbitos de crianças e
adolescentes no Nordeste entravam na categoria "causas
mal definidas", enquanto no
Sudeste eram apenas 10%. Hoje, apesar de haver diferenças, a
situação é mais homogênea.
Leucemia
Em relação à incidência, o tipo mais comum de câncer infanto-juvenil é a leucemia, que
respondeu por 29% dos casos
registrados no país no período.
Em segundo lugar vem o linfoma (15,5%) e, em terceiro, os
tumores do sistema nervoso
central (13,4%). Este, porém,
ocupa o segundo lugar na mortalidade, à frente do linfoma e
atrás da leucemia.
O presidente da Sociedade
Brasileira de Oncologia Pediátrica, Renato Melaragno, alertou que os sintomas das doenças não costumam se diferenciar daqueles provocados por
doenças comuns na infância,
como febre alta e dor no corpo.
No caso da estudante Izabella Ferrão, 13, que trata de um
osteossarcoma no fêmur, o
diagnóstico foi dificultado pela
paixão da menina por esportes.
Acostumada a jogar handebol,
ela não deu importância quando percebeu um inchaço na
perna direita, em abril. "Achei
que fosse causado pelo exercício. Minha mãe também não
achou que era grave", diz.
Apenas em junho, dois meses
depois, é que uma visita ao ortopedista revelou o tumor. Ela
iniciou então a quimioterapia e
fez uma cirurgia para extirpar a
doença. Hoje, com a perna imobilizada, ela faz quimioterapia,
mas vê cada vez mais próximo o
sonho de voltar a jogar.
Próximo Texto: Frases Índice
|