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Menopausa pode dificultar aprendizado
Estudo com 2.362 mulheres conclui que na perimenopausa há dificuldade na velocidade de processamento de informações
Médicos dizem que déficit pode estar relacionado à queda do estrógeno, que afeta a neurotransmissão,
ou às variações de humor
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
Mulheres que estão no período que antecede a menopausa
podem ter mais dificuldade de
aprendizado do que em outros
estágios da vida, conclui um estudo de quatro anos com 2.362
mulheres entre 42 e 52 anos,
publicado na revista científica
"Neurology" desta semana.
Os pesquisadores da Universidade da Califórnia (EUA) observaram que, no final da perimenopausa (sem menstruação
por três a 11 meses), as mulheres têm mais dificuldade em relação à memória verbal e à velocidade de processamento das
informações.
Essa dificuldade, segundo
médicos, pode estar relacionada a uma queda do estrógeno
(hormônio produzido pelos
ovários), que afeta a estrutura e
a função dos neurotransmissores, ou mesmo aos quadros de
ansiedade e depressão, que são
comuns nesse período.
No estudo, foram avaliadas
mulheres na pré-menopausa
(sem mudanças nos períodos
menstruais), no início da perimenopausa (irregularidade
menstrual sem lacunas de três
meses), no final da perimenopausa e na pós-menopausa.
Elas foram submetidas a testes de memória verbal (lembrar
de nomes, por exemplo), de
memória de trabalho (fazer
conta de subtração e divisão) e
da velocidade de processamento das informações.
Em todas as fases, as mulheres que participaram da pesquisa apresentaram resultados
semelhantes e satisfatórios. A
exceção foi o final da perimenopausa, quando as taxas de sucesso foram bem menores.
Em relação ao aprendizado
da memória verbal, por exemplo, as voluntárias nessa fase alcançaram apenas 7% do desenvolvimento apresentado pelas
que estavam no período da pré-menopausa.
"Esses resultados de testes
na perimenopausa concordam
com as dificuldades anteriormente autorrelatadas: 60% das
mulheres afirmam que têm
problemas de memória durante a transição para a menopausa", afirmou o pesquisador Gail
Greendale, da Universidade da
Califórnia. A boa notícia, segundo ele, é que esses problemas parecem ser temporários.
O ginecologista Cesar Eduardo Fernandes, presidente do
Conselho Científico da Sociedade Brasileira do Climatério,
considera o estudo muito importante, principalmente, pelo
tempo e pelo número de mulheres investigadas.
"Já está demonstrado, em estudos experimentais com animais, que o estrógeno influencia a função cerebral. Tem a ver
tanto com a sobrevida dos neurônios quanto com a capacidade deles de fazer sinapses", diz.
Oscilação de humor
O neurologista Mario Peres,
do hospital Albert Einstein, em
São Paulo, afirma que, além da
questão hormonal, na fase de
transição para a menopausa a
mulher tende a sofrer oscilação
de humor, com quadros de ansiedade e depressão.
"A memória depende muito
do humor, do ânimo. Se eles
não estão presentes, a pessoa
perde o interesse. Se ela está
deprimida, isola-se. Isso tudo
tem impacto nos processos de
aprendizado", explica Peres.
A pesquisa norte-americana
não investigou a influência do
humor no aprendizado.
Segundo os autores do estudo, o trabalho indicou também
que as mulheres que tomam os
hormônios estrógeno e progesterona antes da menopausa
tendem a reduzir os problemas
na memória verbal e na velocidade de processamento.
Após esse período, no entanto, não há benefícios. Mas eles
ressaltam que mais estudos serão necessários para a confirmação dos dados.
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